Iniciar e finalizar a vida profissional em uma empresa, no passado não muito distante, não era tão somente comum, mas objetivo de vida de grande parte da classe trabalhadora do País. Era uma honra. Motivo de orgulho.
Atualmente, pouca gente vive essa realidade, e no futuro esse sonho dos nossos pais e avós ficará ainda mais distante. As atuais gerações que estão ingressando no mercado de trabalho poderão ter até cinco carreiras durante a vida.
Augusto Dutra Galery, conselheiro de carreira para estudantes da Pós-graduação da Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado, aponta dois fatores que explicam a tendência: a própria expectativa de vida da população, que está aumentando; e as reformas das previdências, que caminham para mais dificuldade em obter ou manter uma aposentadoria com valores que proporcionem uma boa qualidade de vida.
O lado bom nesse cenário, na opinião de Galery, é que o trabalho também tem mudado e as empresas estão cada vez mais dispostas a promover atividades realizadoras. “Acabou a ideia de que o trabalho é um fardo, algo que temos de aguentar e que seja horrível. Se tivermos mais carreiras com propósitos, as pessoas vão querer continuar sendo produtivas “, diz.
A dinâmica é simples e natural. Em um ciclo profissional fluido, uma pessoa chega no topo em 15 ou 20 anos. Após algum tempo no ápice, certamente o profissional será atraído por outros desafios e interesses. “O ser humano é múltiplo, não é um só. Essa multiplicidade faz com que a gente tenha diferentes aspirações”, explica.
O propósito e o conflito
Atualmente as novas gerações têm muito firme a ideia de trabalhar não apenas pelo salário e pela subsistência.
“Acho que o maior conflito dessa nova geração não é achar seu propósito”. As empresas têm pela frente um grande desafio, que é apresentar seus valores reais aos jovens. O encaixe perfeito entre empregador e empregado estará na motivação.
“Não aceite ir para uma empresa só pelo nome ou porte. Procure uma empresa que tenha a ver com você. A busca do trabalho passa pelo autoconhecimento. Temos uma série de pressões externas (seja o melhor no que faz, ame o que faz, tenha sucesso financeiro), que nos fazem pensar que tudo isso seja o objetivo, e acabamos esquecendo a motivação”.
Galery diz que não é errado ter vários interesses. “Aproveite as oportunidades. Fazer escolhas que precisem durar para sempre é muito angustiante. Escolha o agora. Se cansou do trabalho depois de dez anos, você pode recomeçar. Ninguém está preso a uma carreira para o resto da vida”.
Algumas profissões vão desaparecer?
A pesquisa Futuro do Trabalho, realizada pelo Fórum Econômico Mundial, sugere o uso cada vez mais intenso de tecnologia, exigências cognitivas e relacionais, ênfase na sustentabilidade, responsabilidade empresarial e nos stakeholders.
“É preciso ter cuidado, pois tudo indica que o número de empregos tenderá a diminuir e a se sofisticar, o que leva a uma necessidade de desenvolvimento científico, habilidades sociais e o uso da tecnologia“, alerta Galery.
O especialista diz que há um certo exagero sobre a questão do desaparecimento de certas profissões. “O que acontecerá mais provavelmente é que essas profissões sejam reformuladas para se adequar a outras mudanças sociais em curso”. Na avaliação de Galery, profissões que sejam exclusivamente repetitivas terão mais chance de desaparecer.
Quais empregos estarão em alta?
Galery aponta duas tendências. Profissões ligadas ao uso e desenvolvimento de tecnologia e profissionais que saibam lidar com pessoas, em áreas como marketing e gestão de pessoas e cultura.
“Pesquisas do Fórum Econômico Mundial têm apontado que, além dessas três áreas (TI, marketing e gestão de pessoas), as áreas de produção de conteúdo, desenvolvimento de produtos e vendas também estarão em alta nos próximos anos”.
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