No dia 8 de março, data em que celebramos o Dia Internacional da Mulher, as mulheres são colocadas em destaque. Recebem rosas ou chocolates no trabalho, são reconhecidas e elogiadas, realidade um pouco diferente do que realmente acontece no decorrer do ano. Para alguns, a mulher é o sexo frágil, mas elas mostram que não é bem assim. Hoje, a mulherada domina a área da ciência e tecnologia, o setor jurídico e outros setores que já foram considerados masculinos.
O Brasil é o sétimo país com o maior número de mulheres empreendedoras no mundo, dos 52 milhões de empreendedores, 30 milhões são geridos por mulheres, segundo os dados Sebrae. Neste grupo, está a advogada, mediadora e CEO da Mediar Group, Mírian Queiroz, que lançou um grupo de empresas especializadas em acordos extrajudiciais online. A vontade de ter o próprio negócio surgiu após as mudanças que ocorreram no Código de Processo Civil em 2015. Na ocasião, a mediação tornou-se obrigatória antes do processo judicial.
A partir daí, a futura empresária passou a estudar sobre o mundo dos negócios e o meio jurídico. Em 2019, lançou a Mediar Group, em apenas um ano, a empreendedora alcançou resultados bem expressivos, fruto de um trabalho intenso com uma equipe muito dedicada.
“Eu sempre acreditei no poder das mulheres para fazer qualquer negócio acontecer, confesso que sou uma grande entusiasta do empreendedorismo feminino. Na minha empresa, por exemplo, mais de 90% da equipe é composta por mulheres. Começamos com recursos limitados, mas com foco em apresentar para as empresas uma nova forma de resolver seus processos com economia, celeridade e satisfação dos seus clientes e advogados patronos”, explica.
Para abrir o próprio negócio, a advogada relata algumas dificuldades que o público feminino enfrenta para tirar o projeto da gaveta e torná-lo realidade. “Uma das coisas que mais me impressionou, está relacionado ao incentivo para a abertura de empresas. A linha de crédito ofertada para homens é maior do que para mulheres. Não entendo como os bancos estipulam esses limites, mas acho que o gênero não deveria ser levado em conta na hora de fazer um empréstimo, outros fatores podem ser analisados. Além disso, o trabalho que desenvolvemos na Mediar Group une dois setores com forte presença masculina em cargos de liderança, tecnologia e Direito. Isso faz com que algumas pessoas coloquem em xeque a nossa capacidade para atuar na área, mas nossos resultados tem agradado nossos clientes”, lamenta.
Em 2020, a mediadora fundou a MediarSeg, primeira empresa brasileira especializada em conflitos do setor securitário. “Mesmo diante do momento de incertezas ocasionados pela pandemia da covid-19, a MediarSeg alcançou resultados expressivos. Ao longo do trabalho desenvolvido, apenas um de nossos clientes economizou mais de R$ 25 milhões ao finalizar processos por meio da mediação extrajudicial online, sendo um deles o vencedor do Prêmio Conciliar é Legal, do Conselho Nacional de Justiça, na categoria grupo empresarial por boas práticas. Essa honraria chancela a eficácia da mediação nas demandas do setor e nos mostra que é possível solucionar disputas por meio do diálogo e sem acessar o Poder Judiciário”, comemora.
Apesar das dificuldades enfrentadas para se manter no mercado de trabalho, a advogada prefere focar nos resultados positivos que conquistou. “No fim do ano passado, concorremos ao Prêmio de Inovação da Confederação Nacional das Seguradoras, foram mais de 160 projetos inscritos, ficamos entre os cinco finalistas. Sinto muito orgulho da minha equipe, são mulheres com muita garra, fico cada vez mais motivada para continuar empreendendo”, revela.
Para Mírian, o mercado está em constante transformação e a mulher tem um papel importante nesse processo.
“Apesar das dificuldades, acompanhamos o crescimento do mercado e a mulher está conquistando mais espaço, muitos paradigmas ainda precisam ser quebrados, mas estou muito positiva sobre o futuro da mulher em todos os setores. Sei que teremos grandes mulheres na política, no Direito, na área de exatas e demais ramos. A mulher já mostrou a força e a capacidade que tem, estamos construindo muitas coisas, o mercado é nosso”, comenta.
O empreendedorismo feminino é algo tão importante para a advogada, que ela já tem planos para o futuro. “Pretendo lançar a UniMediar, Universidade da Mediação, pois acredito que o cenário jurídico brasileiro pode mudar por meio dos métodos autocompositivos e expandir o meu projeto de patrocínio para meninas no esporte. Amo atividades físicas e busco incentivar atletas que estão começando a sua jornada, como a Yasmin Gentil, a nossa primeira atleta mirim”, finaliza.