Um tesouro incrustado em meio à aridez do cerrado, Brasília encanta por suas belezas únicas. O traço do arquiteto é símbolo da resistência de um povo que viu oportunidades florescerem entre árvores retorcidas e céu feito de azul brilhante. Ultimamente entristecida, como o resto do mundo, a capital deixou de receber tantos olhares. O turismo é um dos setores mais afetados pela pandemia, mas, no regresso, os colírios espalhados pela cidade planejada voltarão a inebriar corações forasteiros e os cativos também.
“O momento pede inovação e soluções criativas para que a gente não pare.” Esta é a premissa que a secretária de Turismo do Distrito Federal, Vanessa Mendonça, lança ao setor e às próprias ações da pasta ao enfrentar uma das crises sanitárias mais complexas da história contemporânea.
A Secretaria de Turismo (Setur) disponibilizou duas experiências mediadas pela tecnologia para levar ao mundo a história da cidade e, também, explorar novos caminhos e apresentá-los como alternativa de lazer. Brasilienses, brasileiros e estrangeiros, estão todos convidados a passear por Brasília sem sair do sofá de casa, tudo pela tela do computador.
O primeiro é o Brasília Tour Virtual, que apresenta uma capital multifacetada e pode ser acessado na página www.turismo.df.gov.br. “São apresentados 80 pontos turísticos, segmentados em sete rotas. Ele contempla uma Brasília que poucos conhecem e que vai além do centro administrativo. O retorno foi fantástico e, na primeira semana, atingimos mais de 40 mil visualizações”, diz a secretária.
O programa é explorado em diferentes roteiros: Rota fora dos eixos; Rota da Paz; Rota do cerrado; Rota náutica; Rota arquitetônica; Rota cultural; e Rota cívica. A diversidade é o lema do projeto. “Isso demonstra o quanto a nossa cidade é rica. E reforçar que somos um destino bastante seguro, direcionando os olhares dos brasileiros e estrangeiros sobre o nosso potencial”, afirma Vanessa Mendonça.
A segunda proposta da Setur, no ar desde o Dia do Turista, celebrado em 13 de junho, é o Live Tour Brasília. Ele conta com a ajuda de profissionais do setor, que apresentam pontos turísticos da capital em uma transmissão ao vivo, pela conta oficial do Instagram da pasta. O primeiro episódio mostrou a Catedral Metropolitana de Brasília, e a última transmissão, no sábado, levou os turistas ao Templo da Boa Vontade. O passeio foi mediado pelo guia turístico Juan Luís Hermida, que há oito anos dedica seus dias para contar os fatos históricos que marcaram a capital brasiliense. “Adaptando os passeios tradicionais, a secretaria está fazendo este ótimo trabalho de oferecer uma visitação a distância”, diz.
Os produtos virtuais lançados pela Setur preenchem o desejo de explorar a cidade, mas respeitando as regras de isolamento e, segundo a secretária, não têm data para acabar. “Asim, abre-se um novo modelo de trabalho para o guia de turismo. É uma nova forma para ele continuar atuando e, também, uma forma de gerar emprego diante de um cenário tão adverso.”
Roteiro motorizado
Além das opções de visitar Brasília sem sair de casa, há quem prefira ver tudo isso de perto. Muitos desses pontos turísticos seguem fechados, mas a boa notícia é que dá, sim, para vê-los de pertinho sem se expor ao risco de contaminação. O guia Juan Luís Hermida preparou um mini tour, para observar tudo da janela do carro. Ele orienta seguir essa sequência de visitação: Estádio Mané Garrincha, Memorial JK, Parque da Cidade, Biblioteca e Museu Nacional, Catedral, Praça dos Três Poderes e Ponte JK. Agora, vamos conhecer um pouco sobre cada um desses lugares?
Regresso cuidadoso
• Com certeza, uma das mais icônicas construções de Brasília. A Catedral Metropolitana de Brasília foi o primeiro monumento a ser criado na nova capital, com a colocação da pedra fundamental em 12 de setembro de 1958, dois anos antes da finalização do projeto. Niemeyer assina o desenho do templo católico e Marianne Peretti é a responsável pelos vitrais coloridos que ornamentam a estrutura.
• O nome oficial é Estádio Nacional de Brasília, mas foi eternizado pelo nome que homenageia o jogador brasileiro. Ele foi inaugurado em 1974 e, de lá para cá, sediou eventos esportivos e culturais de sacudir o quadradinho. Para receber os jogos da Copa de 2014, foi completamente reestruturado e se tornou o segundo maior estádio de futebol do país, ficando atrás somente do Maracanã, no Rio de Janeiro.
• Projetado por Oscar Niemeyer, o museu foi construído para homenagear o fundador de Brasília, Juscelino Kubitschek. A ideia de um espaço dedicado à vida de JK foi de sua esposa, dona Sarah Kubitschek, em 1979. A obra foi finalizada e o Memorial, inaugurado em 1981. Ele é um dos elementos-símbolo que estampam o centro da cidade, a reverência de JK sobre um pilar com a mão estendida e o sorriso no rosto é como uma bênção do patrono à capital planejada.
Biblioteca Nacional e Museu Nacional
• Uma cúpula imensa e redonda, rodeada por uma rampa que dá ares futuristas. De frente, fazendo um contraponto arquitetônico perfeito, um edifício com linhas retas, um retângulo no chão. Estes são o Museu Nacional e a Biblioteca Nacional, nesta ordem. Dois gigantes da cultura brasiliense que podem ser vistos de longe e apreciados pela janela do carro.
Praça dos Três Poderes
• Um espaço entre o Palácio do Planalto, o Supremo Tribunal Federal e o Congresso Nacional deu origem à praça que celebra o equilíbrio e a união entre os Três Poderes. O projeto é da dupla Oscar Niemeyer e Lucio Costa. Completamente concretada e sem espaço verde, a praça cede espaço às esculturas Os Guerreiros (Os Candangos), de Bruno Giorgi e A Justiça, de Alfredo Ceschiatti.
Ponte JK
• Também conhecida como Terceira Ponte, ela liga a região do Lago Sul, Paranoá e São Sebastião ao centro de Brasília. Foi inaugurada em 2002. Os 1,2 mil metros de extensão são apoiados por quatro pilares. O desenho dos arcos foi um desafio à engenharia, que encontrou sustentação ideal a muitos metros de profundidade do chão. E são estes arcos que dão graça à estrutura e se tornaram um chamariz aos fotógrafos de plantão, amadores ou profissionais.