* Giba Barroso e Vitor Azambuja
Já sabemos que o futuro da economia e do trabalho está na criatividade. É por isso que precisamos investir desde já na formação de jovens com mentalidade autônoma e inovadora, para que eles estejam mais bem preparados para essa nova realidade.
Estamos falando de formação para a Economia Criativa, o conjunto de atividades empresariais que usam como matéria-prima o conhecimento, a tecnologia e a vontade de melhorar a qualidade de vida das pessoas, e que gera mais riqueza do que os segmentos tradicionais. As atividades criativas são basicamente divididas em novos modelos de negócio em Consumo, Cultura, Mídias e Tecnologia.
Como revela o Observatório Itaú Cultural, a economia da cultura e das indústrias criativas (ECIC) movimentou R$ 230,14 bilhões em 2020. Para compararmos, esse resultado contribuiu com 3,11% do PIB brasileiro e foi maior do que os 2,1% de riqueza gerada pela indústria automobilística no mesmo período.
Do ponto de vista econômico, é dentro das atividades criativas que haverá mais emprego e renda, como mostra o Observatório Nacional da Indústria – da Confederação Nacional da Indústria (CNI). Até 2030, serão criados um milhão de novos empregos, o que aumentaria esse ecossistema econômico em 8,4 milhões de trabalhadores.
O que é interessante destacar é que a Economia Criativa traz uma nova abordagem baseada em cultura e criatividade, valores que crescem quanto maior for o seu uso. O modelo é colaborativo, inclusivo e usa recursos que não acabam (pensamento inovador), ao contrário de terras e ouro, por exemplo.
Se o futuro está na Economia Criativa, é legítimo investir desde já na formação básica com essa mentalidade. Nessa fase crítica de formação, é importante trabalhar a criatividade e a inovação de forma teórica, porém com abordagens práticas para que os alunos se envolvam e descubram sozinhos novas formas de assimilar conteúdo. Com a ajuda dos professores, os projetos devem possibilitar autonomia, diálogo e debate de ideias. Tudo isso desperta a vontade de pensar e contribui para o desenvolvimento socioemocional dos alunos.
O projeto De Criança Para Criança (DCPC) é uma das iniciativas que estimula o aprendizado autônomo e a criatividade das crianças do Ensino Fundamental com base nos conceitos da Economia Circular. A metodologia começa dentro da sala de aula, com os professores atuando como facilitadores e sugerindo temas para que os alunos criem histórias.
As crianças, que já são nativas digitais, desenvolvem o enredo, fazem os desenhos e a narração. Esse conteúdo é enviado para a plataforma digital Stúdio DCPC, onde são trabalhados por animadores autônomos, que estão logados na plataforma, para essa finalidade. A animação das histórias é feita por estudantes universitários e profissionais autônomos da área, que estão em busca de renda extra e oportunidades de começar no ramo. Quando prontas, as animações são publicadas na plataforma do DCPC e nas redes sociais das escolas e dos alunos.
Nesse ciclo econômico, os municípios que contratam o DCPC são parte importante do financiamento dessa cadeia. O projeto é pensado de forma colaborativa e permanente, porque acreditamos que a escola não é apenas o ponto de partida dessa jornada criativa, mas um elo da cadeia em que todos podem gerar renda a partir dela.
Na Economia Criativa, as escolas e universidades são instituições cada vez mais importantes e precisam estar preparadas para formar jovens com mentalidade inovadora e crítica. E pensar de forma criativa é uma forma de fazer diferente usando as mesmas ferramentas.
Os conceitos de inovação podem ser aplicados perfeitamente na educação básica e, com isso, trazem novas possibilidades de desenvolvimento no longo prazo não só para os alunos, mas para toda a economia e sociedade.
* Giba Barroso e Vitor Azambuja são sócios-fundadores do De Criança Para Criança (DCPC)