Artesanato, comida, cosmético e roupas. Antes da pandemia causada pelo novo coronavírus era comum encontrar a exposição de alguns desses produtos em feiras distribuídas em pontos da cidade. Para muitos produtores locais, a oportunidade era a única forma de tornar o trabalho conhecido e conseguir renda. A pandemia, porém, trouxe novos desafios para o setor, que agora tenta se reinventar através de divulgações em plataformas on-line.
Desde 2019 à frente da organização da Vitrine Feira Autoral realizada no Ernesto Café (115 Sul), Carol Bastos, 39 anos e o marido Cláudio Bastos, 42, tiveram que interromper o projeto devido à crise sanitária.”Sempre fomos apaixonados por feiras e demoramos dois anos amadurecendo a ideia de promover uma nossa. A iniciativa deu muito certo e ganhamos muita visibilidade”, contou a empreendedora.
Os donos da loja de roupas Belle também contaram com a participação de outras artistas. “Era bom porque ajuda a divulgação de trabalhos autorais”, acrescentou Carol.
Mesmo com a crise sanitária, a empreendedora não perdeu as esperanças. “No início acreditava que as coisas iriam reabrir rapidamente, mas depois de 30 dias de isolamento social percebi que era a hora de mudar a estratégia”, relembrou. A primeira ideia foi promover um financiamento coletivo para ajudar financeiramente a empresa dela e de outros colaboradores. “Ajudou um pouco, mas não foi a solução”, disse.
Com as vendas em baixa, a alternativa foi juntar todos os feirantes em um plataforma on-line para chegar à casa das pessoas. Ao mesmo tempo, a cafeteria onde antes era a feira autorizou os expositores a colocarem alguns produtos no local para ajudar na divulgação. “Nós voltamos com pequenas ações de vendas, com algumas marcas espalhadas pelo café. Mas como muita gente está em em casa, acho que a plataforma on-line vai ajudar bastante também. A meta agora é crescer ainda mais”, disse esperançosa.
Site próprio
O meio on-line também foi uma das opções para Simone Souza, 45, proprietária da loja Dedim e idealizadora da feira Coletivo de Criadores para fugir do impacto financeiro. “Hoje meu faturamento não chega a 10% do que era antes da pandemia”, contou. Sem previsão para voltar a fazer a feira presencial, ela decidiu investir em um site da própria loja. “As exposições eram feitas por vários colaboradores, mas infelizmente não conseguimos mantê-la. Então decidi fazer um site para mostrar meu trabalho”, explicou.
A inauguração da plataforma, prevista para a próxima semana, irá expor os acessórios contemporâneos feitos pela artista, com divulgação dos preços e possibilidade de compra. “Estou apostando que as vendas aumentem, e que, no Natal, o crescimento seja ainda maior”, torceu Simone.
Adaptação
Com um formato novo e adaptação para seguir as regras de segurança devido novo coronavírus, o produtor de eventos, Michel Toronaga, 36, em parceria com o sócio Túlio Villafañe, realizou no último fim de semana a primeira feira presencial após a reabertura das atividades comerciais na capital. “Neste primeiro momento, o retorno foi um teste para se adaptar a essa nova realidade e na minha visão deu certo”, comentou Michel. Com o número de mesas e expositores reduzidos, a orientação era de que, além do uso obrigatório das máscaras, que o os produtos expostos fossem regularmente higienizados. “Também pedimos para que todos os estandes estivesse com um álcool em gel para uso do cliente”, acrescentou o produtor.
Apesar da possibilidade do retorno presencial, o empresário e especialista em economia criativa Flávio Mikami aponta que tendência para o pós pandemia é a adoção cada vez maior do meio virtual. “A covid-19 antecipou alguns anos, principalmente na questão de acelerar esse processo de digitalização. A tecnologia está sendo o principal canal de reinvenção, principalmente em termos de e-commerce”, disse. Para se adaptar ainda mais a este cenário tecnológico, ele aconselha um olhar atento ainda maior às alternativas. “Observar o mercado te traz outras possibilidades. Eu acredito que essa crise tirou todo mundo da zona de conforto. Vários segmentos tiveram que se reinventar e muitas ideias novas surgiram. Não vai ser fácil, mas quem conseguiu inovar vai passar melhor por essa crise e quem sabe até crescer depois que tudo isso passar”, apontou Flávio.
Com informações do Correio Braziliense