Gabriella Gama, arquiteta brasiliense, aos 31 anos, ficou em primeiro lugar pelo voto popular e entre os cinco finalistas eleitos pelo júri do prêmio internacional de arquitetura Architizer A + Awards 2020.
“Eu nasci e cresci imersa nas formas de Niemeyer, nas cores de Athos Bulcão. Trago isso comigo sempre”, declara.
Consagrada em uma das mais importantes premiações da arquitetura mundial, a arquiteta brasiliense concorreu na categoria Arquitetura e Tetos, com o projeto do próprio escritório, um espaço de 70m² no centro histórico de Lisboa, em Portugal.
O projeto do Apparatus Architects Studio, fundado em sociedade com o arquiteto francês Filipe Lourenço, com quem Gabriella é casada, se destacou porque, além do design notável, foi adequado às referências históricas do antigo palácio ao qual pertence.
Gabriella relembra que: “quando chegamos ao espaço, vimos que ele tinha um forro bastante baixo, na altura das janelas. O que nós fizemos ali foi tentar entender o que de fato compunha a história daquele palácio para tentar encontrar uma resposta para o nosso projeto”.
Durante a fase de pesquisa, a brasiliense descobriu que existia no teto um espaço com abóbadas de tijolos — ainda em seu estado de origem. “Aquilo virou então nossa solução e poderia ser a história que gostaríamos de contar sobre esse palácio e sobre como nós interpretamos esse arquétipo. Resolvemos usar a abóbada como forma de resolver o espaço”.
Assim, o design arquitetônico com influências modernistas se criou. Nos pontos mais baixos do teto, a antiga estrutura se esconde e, em pontos mais altos, o espaço ganha mais luz e um pé direito, em uma espacialidade singular e interessante.
O projeto concorreu com outros quatro finalistas, um escritório dinamarquês com filial em Abu Dabi, dois escritórios grandes da China e um escritório americano com sede em Boston. “O prêmio é de bastante prestígio, as pessoas que competem são inspirações para nós, são pessoas que admiramos absolutamente. Decidimos concorrer com um o nosso escritório, que é um projeto muito especial pra nós e representa nossa forma de trabalhar”, declara.
Nascida na capital federal, e “filha de superquadras”, como Gabriella se define, a arquiteta e urbanista se mudou para Londres para fazer um mestrado, logo que terminou a graduação no UniCeub. Por lá, conheceu o marido e juntos, decidiram abrir um escritório em Lisboa, cidade onde estava “crescendo uma cena cultural muito forte”.
Para a arquiteta esta nomeação veio como algo inesperado. “É um sentimento de profunda satisfação e alegria ver o reconhecimento do nosso trabalho, principalmente quando o mundo passa por um momento extremamente difícil e instável, onde questionamos a nossa forma de viver por completo, a nossa forma de nos relacionar uns com os outros, tanto como espacialmente. Tem sido um momento de interiorização, reflexão e aprendizagem”, alegra-se Gabriella.