Brasilienses buscam hotéis como opção de moradia e lazer na pandemia

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Recepcionista bilíngue no Brasília Palace Hotel, Letícia Santana atende, em maioria, hóspedes brasilienses - (crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)

Variar a rotina em meio ao isolamento social imposto pela pandemia do novo coronavírus é um desafio para quem respeita as regras de distanciamento e fica em casa. Para isso, é preciso um tanto de criatividade. Uma das soluções encontradas por alguns brasilienses foi mudar totalmente o ambiente e se hospedar em hotéis da cidade em busca de lazer.

Este é o caso do advogado Alan Omckem, 28 anos, hospedado no Manhattan Plaza. O morador da Asa Norte divide a casa com os pais e os irmãos, e, durante a pandemia, conheceu uma pessoa pela internet.

“Eu passei cerca de nove meses em casa, trabalhando em home office. Acabei conhecendo uma pessoa, e a gente preferiu, para segurança da família, ir para o hotel”, explicou o advogado. O trabalho lhe consome cerca de oito horas do dia. “Você não consegue sair do trabalho, te acompanha o tempo todo, inclusive no almoço e no jantar. A vinda para o hotel é uma válvula de escape, para um espaço legal, com uma vista bonita.”

Letícia Santana, 27, é recepcionista bilíngue no Brasília Palace Hotel, mas o sotaque que mais tem escutado ao atender os clientes é o brasiliense.

“O pessoal está saturado de ficar só em casa nesta pandemia. Como aqui tem um espaço verde amplo, as pessoas não ficam tão aglomeradas, dá para fugir um pouco da quarentena”, relata.

Para o presidente do Sindicato Patronal de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Brasília (Sindhobar), Jael Antônio da Silva, mais moradores da cidade têm procurado os hotéis para mudar de ares em meio ao isolamento social. “Aqueles hotéis que estão fazendo promoção estão tendo um movimento um pouco melhor.”

Estratégias

Apesar da procura, a demanda não se compara à de anos anteriores, e os gerentes de hotéis ainda não vislumbram uma retomada do setor. Em anos anteriores à pandemia, os bares, restaurantes e hotéis, somados, costumavam movimentar cerca de R$ 5,6 bilhões. Em 2020, foi R$ 1,1 bilhão. As demissões somaram 20 mil, de acordo com Sindhobar. Jael da Silva estima que uma melhora do cenário econômico para o setor hoteleiro só deve ocorrer no primeiro trimestre do ano que vem. “A vacina vai ajudar muito, mas antes disso, nada. A pandemia foi uma tragédia”, conta.

Os hotéis também buscam adotar estratégias para atrair o público. Uma das medidas é a tarifa flutuante: o valor cobrado pelas diárias varia conforme a demanda. Outro atrativo é a oferta de pacotes mais baratos aos fins de semana, descontos para hóspedes mais assíduos e as promoções relâmpago pela internet.

Os estabelecimentos também firmam acordos com parceiros para oferecer passeios turísticos de bicicleta, por exemplo, além das áreas de lazer com sauna e piscina. “Parecia que estava de férias, acabei aproveitando um pouquinho”, diz o engenheiro civil, Diogo Oliveira, 27 anos, que ficou uma semana hospedado em um hotel no Setor Hoteleiro Norte.

Depois de uma viagem ao Rio de Janeiro, ele optou por fazer uma quarentena no local para evitar o contato com a mãe, de 65 anos. Os dois vivem na Asa Sul.

“Deu para dar uma quebrada no ritmo, só de mudar de ambiente. O que aproveitei mais foi o café da manhã, porque geralmente em casa sigo dieta regrada. No hotel era um banquete, e não tinha de lavar a louça ou arrumar o quarto.”

O Sindhobar pretende lançar uma iniciativa no próximo mês, junto com a secretaria de Turismo, para impulsionar o setor. A ideia é promover ações relacionadas ao aniversário de Brasília, com foco nos turistas em um raio de 600km da cidade. “A ideia é encher a rede hoteleira e também os restaurantes”, diz Jael Silva.

Ajustes

Com a emergência da pandemia, para poder reabrir, os hotéis tiveram de se readequar. O uso de máscara é obrigatório, e álcool em gel precisou ser ofertado pelos estabelecimentos. “Tudo isso envolve um custo alto”, diz Jael Silva. No hotel Go Inn, em Taguatinga, a arrumação dos quartos deixou de ser diária. “Quanto menos entrarmos, mais seguro”, diz Jonaldo Ribeiro, recepcionista do hotel.

Refeições, como almoço e jantar, passaram a ser servidas apenas nos quartos. Sobre a movimentação no local, Jonaldo diz que “não está tão ruim quanto no começo da pandemia, mas a média de ocupação está bem aquém do normal”.

No caso do Brasília Palace, as adequações de higienização começaram quando o local recebeu 300 idosos em abril, onde ficaram em quarentena, por meio de um projeto da Secretaria de Saúde. A higienização passou a ser mais intensa, e a limpeza e desinfecção dos quartos após a saída dos hóspedes só ocorre 48h depois do check-out.

Fonte: Correio Braziliense

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