Com 67 shoppings centers, representando 11% de todo o país, a região Centro-Oeste registrou um crescimento médio de 15,3% nas vendas de julho, na comparação com o mesmo mês de 2021. Os dados são do Índice Cielo de Varejo em Shopping Centers (ICVS-Abrasce) e coloca a região no topo da lista de crescimento, seguido das regiões Sul (15%), Nordeste (14,8%), Sudeste (13,7%) e Norte (9,3%).
Tais resultados foram notados por quem trabalha no setor. Ana Luiza Pena é vendedora em um shopping na capital e diz ter percebido o aumento no número de vendas esse ano.
“Acho que tem muito a ver com a pandemia. Hoje as pessoas estão saindo bem mais do que no ano passado, quando as vendas estavam bem baixas”, acredita a comerciante. De acordo com ela, no ano passado, mesmo com a retomada do comércio, o número de vendas ainda estava bem tímido, e só voltou a demonstrar aquecimento no final do ano, devido às festividades da época. “As pessoas começaram a procurar por presentes de natal e roupas para o réveillon, sem contar que a vacinação já estava ocorrendo, então elas estavam mais confiantes para sair de casa e ir às compras”, diz Ana Luiza.
De acordo com o economista Cesar Bergo, o isolamento social imposto pela pandemia fez com que as pessoas economizassem, o que, claramente, reflete nesses resultados. “Muitas pessoas economizaram, pouparam. Houve queda nos setores de serviço e comércio, e, agora, em 2022, estamos vivendo um momento diferente. Vimos no segundo trimestre um crescimento do consumo, e o Centro-Oeste é destaque nesse quesito”, comenta o especialista.
Ainda segundo Cesar, os shoppings atraem, principalmente, um consumidor de classe média e alta. “É esse público que mais frequenta esse ambiente, e isso reflete nos números de vendas. Se pegarmos os indicadores de crescimento do comércio agora no primeiro semestre, os resultados foram muito bons. Tivemos o dia das mães, dia dos pais, e isso reflete nas estatísticas relacionadas ao crescimento de vendas”, avalia o economista. Segundo Cesar Bergo, 2022 está sendo mais positivo, inclusive, com relação ao período pré-pandemia.
Conforme salienta o economista, do ponto de vista econômico, houve, no início do ano, uma perspectiva de queda da renda, principalmente devido a questão do desemprego elevado.
“No decorrer do ano, pudemos observar uma melhoria nesses cenários. Temos, hoje, um desemprego na faixa de 9%, e ele chegou a 14% durante a pandemia. Houve, ainda, um ligeiro crescimento da renda, sobretudo no DF, onde se concentra a maior renda per capta do país. Isso leva as pessoas ao consumo”, finaliza.
Ariadna Maciel foi uma das brasilienses que esperou o momento mais seguro para voltar a frequentar esse tipo de ambiente. “Fiquei em casa mais de um ano, seguindo à risca o isolamento social. Voltei a vir aos shoppings no final do ano passado, que foi quando comecei a ter coragem de visitar certos locais”, conta a moradora de Sobradinho DF. Aos 56 anos, ela conta que o fato dos shoppings também estarem seguindo os protocolos de higiene contribuíram para que ela voltasse, aos poucos, às compras.
Se tratando do cenário nacional, dados do Mais Fluxo e IPEC indicam que, em julho, foi registrado um acréscimo de 23,4%, em relação ao mesmo período de 2021, mostrando o importante reflexo do número cada vez maior de brasileiros imunizados contra o coronavírus e com a retomada da atividade econômica.
“O arrefecimento da inflação, melhoras nas vagas de emprego e outras medidas governamentais acabam impactando favoravelmente na intenção de compra do consumidor”, destacou, em nota, Glauco Humai, presidente da Abrasce.
Mesmo com um cenário macroeconômico, caracterizado por inflação em alta e queda no rendimento das famílias brasileiras, o ticket médio de vendas nos shopping centers ficou em R$ 122,62 em julho, enquanto o das lojas de rua foi de R$ 87,61. Em relação ao desempenho do período pré-pandemia, as vendas de julho mostraram crescimento de 17%, sendo a terceira elevação consecutiva mensal nessa métrica.
Com informações Jornal de Brasília