Em tempos de coronavírus é importante pensarmos em nossa privacidade. Já tem vários dias que estamos confinados em casa e, quem sabe, essa situação irá perdurar por mais algum tempo. Um isolamento que foi imposto em todos os países como consequência de uma pandemia imprevista, um vírus que dominou o mundo. Um evento imprevisível com consequências incalculáveis, tanto para a saúde das pessoas quanto para a economia.
Voltando ao tema privacidade nesses tempos digitais: até que ponto podemos preservá-la? Estamos dispostos a resguardar nossas informações mais íntimas? As inteligências artificiais são capazes de detectar motivações e hábitos que nós julgávamos íntimos, acreditávamos que os nossos rastros digitais não estariam traduzidos a uma ideia muito clara ao nosso respeito, a uma persona, era uma realidade distante… mas sabemos que essa leitura já é feita. Portanto, mais do que isso, hoje com as leis de proteção aos dados, é muito importante que as empresas tenham o compromisso de gerenciar com todo cuidado essas questões relativas a nossa privacidade e intimidade.
Alguns dos questionamentos que devemos fazer: O que está norteando as estratégias das empresas tendo em vista legislações no que tange nossos dados? O que é uma informação válida e que realmente possa ser utilizada a nosso favor e que não implique em uma invasão daquilo que temos de mais íntimo e mais privado em nossas vidas? Quais informações realmente fazem sentido para uma empresa obter a partir dos dados e rastros que deixamos em nossa vida digital?
O mundo pós coronavírus tende a se tornar cada vez mais digital. Nós viveremos, daqui em diante, um comportamento on-line, porque não nos resta alternativas. Não temos mais os cinemas disponíveis, não temos mais os teatros disponíveis, a maiorias das nossas conexões, entretenimento e compras estão sendo feitos digitalmente. Logo, a privacidade começa a ser uma questão importantíssima, mais do que nunca. As empresas terão que acelerar os seus esforços para que comecemos a entender de forma transparente como elas fazem a gestão desses dados, e, ainda mais, como elas usam esses dados para permitirem um relacionamento transparente e honesto com seus consumidores.
Estamos vivendo uma crise de saúde pública global. Essa crise motiva as pessoas a tomarem cuidado com seu isolamento, e, mais do que isso, ela realmente pode permitir até mesmo que o Estado obrigue as pessoas a manterem seus isolamentos, e informam cada vez mais como devemos deslocar de um lugar para outro, seja para comprar remédio, fazer compras no supermercado ou levar um ente querido ao hospital, por exemplo.
Pensem nas implicações que isso traz para a vida em comum, nós sempre falamos sobre a liberdade de expressão, liberdade de ir e vir, enfim, valores que são claros a uma sociedade democrática. Mas, em um momento como esse, é permitido que possamos restringir essas liberdades em nome do bem comum, em nome da saúde pública e da preservação do bem estar coletivo?
Acredito que sim. E são questões que devemos conversar de maneira mais profunda. Da mesma forma as empresas, principalmente aquelas que são diretamente relacionadas às implicações dessa crise imposta pelo COVID-19, como hospitais, farmácias, médicos, enfermeiros, compartilhem um pouco mais dessas informações também com o Estado, caso o paciente queira omitir que está com a doença, por exemplo. É de extrema importância observarmos, nesse cenário caótico e real no que tange o limite da privacidade, o quanto o digital pode nos ajudar a rastrear movimentos que sejam desarmônicos dessa necessidade, e assim mantermos todas as pessoas do grupo de risco e infectadas nesse isolamento radical.