*Por Jaime Antônio Rohr
A poupança sempre foi um caminho seguro para quem deseja ter uma reserva financeira. Hoje, após tanto tempo de pandemia da Covid-19 e já enxergando uma luz no fim do túnel, muitos têm repensado isso como uma necessidade real, se não para agora, para breve. Como o próprio Banco Central apontou, no período de pandemia o nível de poupança do Brasil atingiu patamares elevados, mostrando que temos capacidade de melhorarmos nossa educação financeira mesmo em tempos de crise mundial. A caderneta de poupança fechou 2020 com captação líquida recorde de R$ 166,3 bi, ano de pandemia e palco do pior cenário de restrições.
Nesse sentido, temos que levar em consideração duas realidades dos brasileiros. Em primeiro caso aqueles que foram afetados com a perda total ou parcial de renda (desemprego ou perda de parte da renda). Para essa parte da população é de fato difícil falar de reserva financeira, mesmo assim é importante ter consciência de poupar. Em segundo estão os que felizmente mantiveram suas rendas, portanto, conseguiram poupar neste período, pois com as restrições impostas ao comércio, os consumidores deixaram de gastar com coisas corriqueiras. As famosas compras por impulso levavam uma boa parte de suas finanças. Com isso, de uma forma “forçada”, acabaram reservando recursos.
E todas as vezes que sou indagado sobre a impossibilidade de poupar, sempre devolvo com uma pergunta: “Por que você só se preocupa em pagar os terceiros e nunca priorizou pagar a si mesmo?” Quando questiono isso, não estou dizendo que o indivíduo deve parar de pagar suas contas, mas sim rever os gastos para identificar os vilões de seu orçamento e após essa análise, eliminá-los. Se isso não é possível, busque alternativas e instrumentos para aumentar a sua renda e assim sobrar recursos no orçamento. Gastar menos do que se ganha, essa é a meta a ser vencida por quem precisa ou quer poupar dinheiro.
Pagamos caro pela falta de educação financeira. Minha sugestão é que sempre reserve pelo menos 10% de todas as suas receitas. Essa economia parte de nos habituar a consumir de forma certa. Para não ter erro, antes de comprar, faça três perguntas: Eu quero? Eu posso? Eu preciso? Se a resposta for sim para todas as perguntas, você estará propenso à compra.
Quando entramos em cenários específicos com os quais lidamos diariamente no Sicredi, como no caso de agricultores, essa necessidade se torna ainda mais pujante uma vez que a entrada de recursos não é mensal e imprevistos acontecem a qualquer momento. Sendo assim, o ideal e importante para a saúde financeira dos negócios é que eles tenham uma reserva de no mínimo 6 vezes a média de suas despesas mensais.
Nesse contexto específico e em outros casos, o crédito não deve ser visto como algo negativo, mas é preciso saber usá-lo a seu favor. Por esse motivo é tão importante que se tenha um bom planejamento financeiro. O plano safra é um grande fomentador do desenvolvimento agropecuário, pois incentiva a modernização tecnológica e aplicação de melhores práticas no campo a custos bem menores se comparado com empréstimos comerciais.
O crédito pode te ajudar, mas é preciso fazer as contas evitando juntar dívidas em excesso e comprometer sua qualidade de vida. Refletir sobre seu momento, planos e finanças pode ajudar a tomar melhores decisões com o dinheiro.
E por fim, ressalto que o intuito da reserva financeira não é viver um calvário, mas sim trazer tranquilidade, gerando mais respaldo a você e sua família na resolução dos imprevistos familiares ou até mesmo nas futuras negociações quando falamos dos produtores. E lembre-se: nunca é tarde para começar a poupar!
*Jaime Antonio Rohr é presidente da Sicredi Celeiro Centro Oeste