Em 2021, 8.245 empresas fecharam no DF por causa da pandemia

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Especialistas dizem que, com o desemprego, mais pessoas tiveram que se reinventar e buscar novas fontes de renda para sobreviver. (Imagem: Freepik)

Em meio à crise econômica gerada pela pandemia da Covid-19, quem tem comércio sabe o quanto tem sido difícil conseguir se manter. Foi em meio a esse turbilhão, que muitas empresas do DF tiveram de fechar as portas. De acordo com dados da Junta Comercial, Industrial e Serviços do Distrito Federal (Jucis-DF), 20.063 empresas encerraram as atividades em 2020. Em contrapartida, 62.064 foram registradas. Em 2021, 8.245 foram extintas. Outras 23.713 foram abertas até maio.

Isso significa que, a cada empresa fechada, praticamente três outras abriram. Mas, na visão de especialistas, isso não representa melhora do cenário e sim que as pessoas tiveram que se reinventar e buscar novas fontes de renda para sobreviver por causa do desemprego.

Setores como o de alimentos para ser entregues em casa, no chamado “delivery”, assim como vestuário e acessórios tiveram maior crescimento. Já as baixas ocorreram principalmente no comércio de roupas e restaurantes.

‘Onde está sua força?’

Fernanda Sales e a amiga Yasmin Franklin resolveram abrir uma loja de camisetas no DF durante a pandemia — Foto: Redes sociais/ Reprodução
Fernanda Sales e a amiga Yasmin Franklin resolveram abrir uma loja de camisetas no DF durante a pandemia — Foto: Redes sociais/ Reprodução

Fernanda Sales e a amiga Yasmin Franklin resolveram arriscar. As duas trabalhavam com eventos, mas resolveram abrir um e-commerce de camisetas com frases de empoderamento feminino. Um sonho que Fernanda alimentava desde 2014, quando viajou para Zimbábue, na África. Lá, ela deu aulas de protagonismo feminino para jovens órfãs.

“Sempre fiquei com isso na cabeça. Como se vestir de coisas que nos motivem todos os dias? E foi a pandemia que fez o negócio surgir”, diz Fernanda.

Em agosto de 2020, elas abriram o negócio que, segundo Fernanda, tem dado certo. A loja já vendeu mais de 500 camisetas com frases como “amar a si mesma é uma revolução”, “o sol nasce dentro de mim” e “seja sua própria luz”.

Restaurantes

Enquanto vários restaurantes fecharam as portas, o chef Marcello Lopes resolveu abrir um de massas e pizzas. O estabelecimento está funcionando desde o último dia 21, depois de passar vários meses em reforma. No local havia um restaurante que fechou por causa da pandemia.

“Eles tinham oito anos de funcionamento e estavam consolidados, mas não conseguiram segurar os meses de pandemia e acabaram falindo. A gente foi na imobiliária para ter desconto nos aluguéis e vimos na pandemia uma oportunidade de baratear a obra”, conta Marcello.

Pizza criada pelo chef Marcello Lopes, que abriu um restaurante de comida italiana durante a pandemia — Foto: Arquivo pessoal
Pizza criada pelo chef Marcello Lopes, que abriu um restaurante de comida italiana durante a pandemia — Foto: Arquivo pessoal

Ciente da responsabilidade, o chef afirma que o restaurante de comida italiana segue todos os protocolos de segurança contra a Covid-19. “Fizemos toda mudança de layout, respeitando as regras de distanciamento, temos álcool em gel nas mesas e estamos sempre higienizando o cardápio na frente do cliente para ele se sentir seguro”.

O carro chefe do restaurante é uma pizza de frango, espinafre, queijo brie e molho de abacate com limão siciliano. Foi com essa receita que Marcello ganhou um campeonato mundial em 2007, em Adelaide, na Austrália.

“O empresário que não é confiante, que não acredita em um futuro melhor, não pode abrir um negócio. A gente acredita em um cenário de melhora daqui pra frente. Não acredito que vamos passar tempos piores dos que já passamos”, diz Marcello.

Novas fontes de renda

Para o advogado especialista em reestruturação empresarial, Filipe Denki, a abertura de novas empresas não significa uma melhora na economia, mas uma migração ou busca de novas fontes de renda diante do cenário de desemprego atual. Com a pandemia, o Brasil atingiu o recorde de 14,8 milhões de brasileiros desempregados no primeiro trimestre deste ano.

“Acredito que o aumento na quantidade de empresas novas está relacionado às pessoas que tiveram que se reinventar. Muitas perderam seus empregos e estão abrindo empreendimentos para vender pela internet”, diz Denki.

Para Juliana Guimarães, especialista em concepção e gestão de negócios, o aumento de criação de empresas não foi apenas causado pela crise sanitária, mas acelerado por causa de outros processos, como a simplificação para abertura de empresas.

“Isso também tem impulsionado, pela ressignificação dos conceitos de emprego e trabalho, como a gente conhecia. Em um cenário, a gente aprendendo a trabalhar em rede, às vezes com outro país e outra cultura, também abre espaço para prestação de serviços e para a regulação dessas empresas”, acredita Juliana.

Com informações G1

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