Para o setor de bufês e casas de eventos, o fim do ano é uma oportunidade de gerar lucro e renda. Nesta reta final de 2022, a expectativa dos empresários está alta. O presidente do Sindicato dos Empregados em Hotéis, Bares, Restaurantes e Similares (Sechosc-DF), Orlando Candido, acredita que, durante o período das festas de Natal e réveillon, o comércio de bares, restaurantes e, claro, eventos, deve registrar aumento do faturamento em 30% em relação ao ano passado.
Expectativa ainda maior tem a proprietária do Buffet da Corte, Melissa Acosta Alves, 35 anos. “A nossa demanda aumentou em 40% nos eventos deste fim de ano, em relação ao ano passado”, detalha. Ela conta que sua empresa — localizada no Sudoeste — costuma fazer muitos bufês corporativos, mas as festas de confraternização são as que mais demandam neste mês.
“São festas muito grandes. Para o fim de semana, por exemplo, fizemos uma festa de confraternização de uma empresa com 1 mil pessoas”, comenta.
Nem mesmo o novo aumento de casos da covid-19 desanima a empresária. “Continuo preparando nossos profissionais como se ainda estivéssemos com uma gravidade alta: utilizamos máscara, álcool em gel, continuamos com as normas de higiene de quando a pandemia estava mais grave”, destaca. Para escapar do vírus, Melissa conta que tem um sistema implantado desde o início da pandemia.
“O cliente vai até a ilha de buffet e recebe um prato montado e decorado, entregue pelo chef de cozinha. Isso para que ele não tenha contato com os talheres de servir. Aplicamos esse sistema no início da pandemia e continuamos trabalhando da mesma forma”, detalha.
Em relação aos valores cobrados, a empresária explica que o preço é por pessoa e fica, em média, entre R$ 30 e R$ 350.
“Funciona da seguinte forma: quanto maior o evento, menor é o valor por pessoa. A empresa tem uma estrutura para fazer festas grandes, de 3 a 5 mil pessoas, assim como eventos muito pequenos. Já fiz um churrasco para 10 pessoas, na casa do cliente, por exemplo”, esclarece. “Fazemos um serviço personalizado para cada tipo de festa e para cada tipo de cliente. Às vezes, tem gente que quer um frango, um filé mignon, um camarão ou um salmão. Conseguimos permear por todos os tipos de necessidade dos nossos clientes, desde coisas muito simples até pratos extremamente refinados”, complementa Melissa.
Qualificação
O presidente do Sechosc-DF afirma que, especialmente em 2022, existem alguns eventos que podem aquecer um pouco mais o setor. “Além das festas de fim de ano, a Copa do Mundo e a posse do presidente da República podem contribuir”, salienta. Em relação ao cenário de contratações, Orlando aponta um crescimento mais tímido para 2022. “Para nós, o período começa a partir de novembro, quando acontecem as contratações para as festividades, para as quais esperamos um aumento de até 5%”, revela, sem destacar uma estimativa. “Muitos dos que são contratados acabam não procurando o sindicato. Outro fator importante é que esta mão de obra pode ser temporária”, destaca.
A pandemia é citada como uma ressalva em relação ao cenário de contratações. “O comércio de bares e restaurantes, por exemplo, acabou criando outros nichos, como deliveries e drive-thru”, pontua Orlando. “Agora, temos essa nova variante, que deixa o setor preocupado. Esperamos que, no próximo ano, tendo em vista que grande parte da população estará vacinada, possamos comemorar, de fato”, torce.
Quem segue a opinião do presidente do sindicato é a proprietária de duas casas de eventos — situados no mesmo local do Setor de Mansões do Park Way (Solar Garden e Solar Uberaba). Duda Oliveira, 52 anos, dona dos empreendimentos há mais de 20 anos, conta que a área de eventos foi uma das mais abaladas pela pandemia. “É perceptível que as pessoas estão começando a sair das suas casas, porém, para as grandes confraternizações, acredito que esse ano ainda não será como nos anos anteriores à covid-19”, frisa. “Para se ter uma ideia, ainda estamos fechando contratos para os últimos dias de 2022. Nos anos anteriores, os contratos eram fechados com, pelo menos, nove meses de antecedência”, ressalta a empresária.
Mesmo assim, Duda Oliveira comenta que seu maior receio não tem a ver com a doença causada pelo novo coronavírus. “A perda maior está acontecendo por causa da instabilidade econômica. Costumávamos trabalhar com preços fixos, bem tabelados. Agora, tivemos que fazer alguns reajustes, por causa desta instabilidade”, detalha. “A tabela de preços varia muito, de acordo com a data escolhida, número de convidados, escolha de bufê e decoração. Por isso, não temos um valor fixo para os eventos”, comenta.
Em relação aos funcionários, quando questionada se costuma ter reforço para as festas de fim de ano, a empresária traz outra dificuldade. “Essa é uma área que, para nós, está bem complicada. Não estamos encontrando pessoas qualificadas para o trabalho”, desabafa. “Treinamos as pessoas e, quando elas se veem capacitadas, simplesmente saem. Área difícil essa, para o mercado de eventos”, crava Duda Oliveira.
As informações são do Correio Braziliense