As startups do setor financeiro na América Latina receberam US$15,6 bilhões em recursos com 1658 rodadas durante o período de 2014 até o primeiro semestre de 2024, de acordo o FinTech Report 2024 produzido pelo Distrito, a principal plataforma de tecnologias emergentes da América Latina. Durante a mesma temporada, ou seja, 10 anos, as FinTechs do Brasil, concentraram US$10,4 bilhões em investimentos (66,67% do total) e 1034 deals.
“O mercado de fintechs na América Latina não apenas resistiu aos desafios econômicos globais, mas também se reinventou com inovação e resiliência. Com um crescimento robusto, registrando um aumento de 75% nos investimentos no primeiro semestre de 2024 em comparação com o mesmo período de 2023, as fintechs estão liderando a transformação digital do mercado financeiro, democratizando o acesso aos serviços e impulsionando a inclusão financeira em toda a região,” explica Gustavo Gierun, CEO e co-fundador do Distrito.
O ano com maior investimento no setor foi 2021, que atingiu US$ 5,7 bilhões em captação, em 363 rodadas. Já o ano que registrou maior número de startups fundadas foi 2019, com 298 novas fintechs, totalizando 2214 empresas desse segmento em atividade na região naquele ano. Atualmente existem 2712 fintechs ativas, sendo que a maior concentração está no Brasil, com 58,7% das startups do setor, seguida pelo México, com 20,7% das empresas.
Volume de investimentos por trimestre: 2023 – 2024
Ano | Trimestre | Número de deals | Volume de investimento (em bilhões US$) |
2023 | 1T | 36 | 0,2 |
2023 | 2T | 41 | 0,2 |
2023 | 3T | 28 | 0,3 |
2023 | 4T | 37 | 0,4 |
2024 | 1T | 42 | 0,3 |
2024 | 2T | 41 | 0,4 |
O primeiro semestre de 2024 se destaca pelas operações de M&As. Esse ano, já foram realizadas 16 transaçõesna América Latina.
Top 5 rodadas de 2024 até o primeiro semestre:
Startup | País | Categoria | Subcategoria | Estágio | Volume |
QI Tech | Brasil | Plataformas financeiras integradas | Banking as a Service | Series B | 250 |
Celcoin | Brasil | Plataformas financeiras integradas | Banking as a Service | Series D | 125 |
Clip | México | Meios de Pagamento | PdV | Series D | 100 |
Aplazo | México | Crédito | Oferta Direta | Series B | 70 |
Conta Simples | Brasil | Backoffice | Gestão Financeira | Series B | 41,6 |
*QiTech teve extensão da rodada em 2024 a qual a tornou unicórnio
Categorias em FinTechs na América Latina
Entre as categorias, o Crédito ocupa o primeiro lugar com 477 startups e 18% do total de fintechs na América Latina. Porém, se considerarmos o volume de investimentos, a liderança no período foi das fintechs de “Serviços Digitais”, que somaram US$5,3 bilhões em captação, seguidas daquelas especialistas em soluções de Crédito, que receberam US$3,1 bilhões em investimentos.
Top 5 maiores categorias:
Categoria | Número de startups | Participação (em %) |
Crédito | 477 | 18% |
Meios de Pagamento | 390 | 14,4% |
Backoffice | 323 | 11,9% |
Plataformas financeiras integradas | 308 | 11,4% |
Serviços Digitais | 287 | 10,6% |
Investimento por categoria:
Categoria | Volume de investimento ( US$ bilhões) | Número de deals |
Serviços Digitais | 5,3 | 195 |
Crédito | 3,1 | 380 |
Meios de Pagamento | 2,3 | 192 |
Plataformas financeiras integradas | 1,1 | 180 |
Backoffice | 0,8 | 168 |
Outros* | 3,0 | 543 |
Movimentos atuais no setor
O Banco Central do Brasil foi o responsável pelas principais mudanças no segmento. Entre as mais recentes está a transação por PIX por aproximação em parceria com Google Pay e Apple Pay, prevista para esse ano.
Outra ação do BC realizada em 2024 é a regulação do Banking as a Service (BaaS), consulta pública prevista para definir diretrizes dessa nova forma de oferecer serviços bancários. Além disso, a instituição tem atuado na implementação de programas de educação financeira nos bancos, com o objetivo de ampliar o conhecimento e a consciência de responsabilidade financeira dos cidadãos. O movimento foi mapeado pelo Distrito no EdTech Report 2024 como uma tendência crescente no setor educacional.
Junto com o sistema PIX, há também o Drex, sistema ainda em fase de testes pelo BC. As simulações envolvem um token RWA (Real World Assets) para operações entre indivíduos, empresas e transações B2B. Já na área legislativa, as últimas mudanças permitem que as fintechs brasileiras apurem o Imposto de Renda (IR) com base no lucro presumido, reduzindo potencialmente a carga tributária em até 50%, o que possibilita que o mercado financeiro nacional se torne mais competitivo para estimular a criação de startups de serviços financeiros.
O Open Finance foi outra mudança importante que chegou para orientar as instituições financeiras na implementação e supervisão do serviço. As novas interações no primeiro semestre deste ano, com integrações, personalização e segurança da informação, mostram os avanços e melhorias no processo de compartilhamento de dados financeiros.
Principais tendências
O setor de FinTechs desempenha um papel pioneiro na adoção de novas tecnologias, protagonizado, especialmente, pela adoção de IA. Entre as startups de IA na América Latina, 83 são fintechs, de acordo com o Emerging Tech Report 2024, realizado pelo Distrito. A IA Generativa é outra tendência recente e pode adicionar entre US$200 bilhões e US$340 bilhões ao setor bancário global anualmente, melhorando a personalização para decisões estratégicas.
As transformações do segmento também incluem a tokenização, mercado que deve crescer de US$ 6,8 bilhões em 2024 para US$ 23,4 bilhões até 2032, de acordo com a Market Research Future. A tendência segue no radar do BC que prioriza a regulação da tokenização de ativos.
Bancos e fintechs estão expandindo seus serviços para além das transações financeiras tradicionais. O Nubank, por exemplo, oferece o Shopping do Nubank, uma plataforma de compras online com descontos e cashback. “Ao acompanhar e adotar as tendências, o mercado nacional e latino-americano é estimulado para que se torne mais dinâmico e inclusivo, facilitando a criação de novas soluções inovadoras e personalizadas que possam surgir”, finaliza Gierun.
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