O mercado de fusões e aquisições (M&A, na sigla em inglês) atingiu um nível importante em 2020, mesmo em um ano de crise, marcado pela pandemia. Foram 28,5 mil transações pelo mundo, que resultaram em um volume de US$ 2,8 trilhões, segundo a publicação anual norte-americana M&A Report. O patamar é próximo ao de 2017 (US$ 2,9 trilhões). Passado um grande temor no primeiro semestre, os negócios voltaram a acontecer a partir do segundo semestre e as expectativas são positivas para o ano de 2021, com crescimento estimado em 25%.
Cada vez mais as companhias buscam por novas capacidades, plataformas e negócios e a expectativa é de que as operações ganhem fôlego em 2021, inclusive no Brasil. O momento é considerado propício para as empresas que querem passar por esse processo. Em dezembro de 2020, por exemplo, a Rede D´or entrou na bolsa, movimentando R$ 11 bilhões, sendo boa parte destinada para aquisições. No primeiro trimestre de 2021, o Carrefour anunciou a compra do Grupo Big. Empresas como o Grupo Notredame, Magazine Luiza, Locaweb e Loft também apostaram no processo.
As M&As se mostram um caminho seguro para sobrevivência e crescimento de muitas companhias, seja qual for o seu tamanho. Mas, para que o processo seja concretizado, estas empresas precisam estar organizadas e o trabalho de governança corporativa é primordial, para garantir o sucesso das operações. “A governança é um dos principais pontos a serem analisados, seja para quem adquire ou para o adquirido, porque é ela quem vai avaliar as características de cada negócio e mostrará se o processo é vantajoso, assim como será a responsável por implantar a estratégia que faça com que a transição seja a mais tranquila possível”, explica o CEO da GoNext, Eduardo Valério, que atuou sobre 3 projetos voltados a M&A em 2020.
A governança corporativa tem o papel, ainda, de conciliar os interesses e as diferenças dos executivos das empresas envolvidas, implementar o novo modelo de gestão de pessoas e cultura organizacional, no caso de valores e missões diferentes. “Esse tipo de análise é bastante sensível. É preciso conciliar não somente as diferenças entre as empresas, mas também das pessoas que estão no comando.
Motivações e timing
São várias as motivações que levam à estratégia de recorrer às M&As, como falta de alternativa para um processo sucessório (no caso da empresa familiar), busca por capital, diminuição de endividamento, substituição de dívida, entre outros. “As companhias precisam conhecer a fundo como funcionam as metodologias de fusões e aquisição, para evitar desgastes desnecessários e para garantir que todos os envolvidos na tomada de decisão estejam cientes das vantagens e desafios”, afirma Valério.
Cabe ao conselho de administração avaliar os cenários possíveis para o crescimento saudável da empresa e ao conselho de sócios/acionistas a aprovação ou não das alternativas. Definidas as instâncias da governança, podem ser considerados como ‘sinais’ para iniciar um processo destes: dificuldade de crescimento orgânico da organização, fadiga das estruturas de capital da empresa, obsolescência tecnológica, aceleração do crescimento e oportunidade de consolidação de mercado.
Segundo Valério, normalmente estes fatores aparecem nas revisões dos planejamentos estratégicos, documentos nos quais são avaliados os riscos, oportunidades e ameaças para o negócio. E o timing é fundamental, destaca o executivo. “O mercado é dinâmico e de mudanças rápidas e as movimentações estratégicas precisam ser iniciadas nos momentos mais oportunos. Por isso, é essencial que diretores e acionistas aprendam o processo de aquisição e fusão, para ajudar no crescimento de suas empresas.”
Com informações Sua Franquia