Grupos de saúde movimentam R$ 15 bi em aquisições em 2021

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As companhias listadas de saúde movimentaram cerca de R$ 13 bilhões em aquisições, no ano passado, capitalizadas com os recursos levantados no mercado nos últimos 12 meses. Quando se consideram as ações usadas nas transações, esse valor chega a R$ 15 bilhões. Em 2020, as companhias de capital aberto anunciaram operações de compra de ativos que totalizaram entre R$ 8 bilhões e R$ 10 bilhões. Mas na época, havia oito empresas do setor com ações negociadas em bolsa e agora são 14.

Em 2021, Mater Dei, Viveo, Oncloclínicas e Kora abriram o capital levantando cerca de R$ 6 bilhões. A Dasa fez um re-IPO de mais R$ 3,3 bilhões. Houve ainda follow-on (ofertas sequenciais) e emissão de debêntures de empresas novatas e veteranas na B3 que estão destinando boa parte desses recursos para crescimento inorgânico.

Segundo levantamento da Santis, consultoria de fusões de aquisições, o setor de saúde captou, no ano passado, R$ 10,6 bilhões para usar exclusivamente à aquisições, o que representa mais do que o dobro do volume registrado em 2020.

Em 2021, quatro empresas de saúde abriram capital e a Dasa fez um re-IPO- juntas somaram quase R$ 10 bi Com um IPO recorde de R$ 11,4 bilhões em dezembro de 2020 e um follow-on de R$ 1,7 bilhão cinco meses depois, a Rede D’Or liderou o ranking de aquisições em 2021. O grupo levou dez ativos que somaram que somaram R$ 3,5 bilhões. As operações marcaram a entrada da Rede D’Or em novas praças como Paraíba e Mato Grosso do Sul e também a aquisição de hospitais tradicionais como o Hospital Santa Isabel, da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo.

A Dasa fez três importantes operações que juntas somaram mais de R$ 2 bilhões. O grupo, controlado pelo família Bueno, intensificou sua estratégia de criar uma rede integrada de saúde com aquisições diversificadas de hospitais, rede de clínicas oncológicas, laboratórios de medicina diagnóstica e corretora e gestora de saúde.

As estreantes na B3 fizeram aquisições tão logo captaram recursos em seus respectivos IPOs. O Mater Dei, por exemplo, anunciou a primeira compra três meses após a abertura de capital. O grupo mineiro adquiriu o Hospital Porto Dias, de Belém, numa transação avaliada em R$ 1,3 bilhão (considerando dinheiro e ações). No acumulado do ano passado, foram 54 aquisição lideradas por 12 empresas de capital aberto. Muitas delas correram para fechar suas operações em 2021 e evitar a instabilidade de um ano de eleição.

“O setor continua aquecido, mas não acho que vai repetir os volumes de 2020 e 2021. Temos um cenário de eleição e taxa de juros elevados. Acredito que, no começo do ano, no primeiro semestre ainda veremos aquisições, mas no segundo tende a esfriar”, disse Felipe Argemi, presidente da Santis, empresa que assessorou a SulAmérica na compra da Sompo Saúde.

Essa transação foi fechada na madrugada de 30 de dezembro. A SulAmérica adquiriu 100% da Sompo Saúde (ex-Yasuda Marítima), seguradora japonesa com 116 mil usuários de convênio médico no Brasil, por R$ 230 milhões. A transação foi uma surpresa porque a Sompo não manifestava interesse em se desfazer do seguro saúde, mas o produto também não era o preferido da casa como os seguros gerais – segmento ao qual a companhia japonesa vem dedicando mais atenção.

A SulAmérica fez, recentemente, um movimento contrário: vendeu a área de automóveis e ramos elementares para focar em saúde. Assim, a centenária Sula foi bater na porta da também centenária Sompo há cerca de dois meses para convence-los a vender o negócio com o argumento de que escala é o nome do jogo no mercado de planos de saúde.

A SulAmérica, fundada pela família Larragoiti, tem 2,4 milhões de usuários de convênio médico e mais 2 milhões de plano odontológico.

“A Sompo não tem plano dental. Enxergamos oportunidade de sinergias, cross selling [venda cruzada]. Atendemos o mesmo perfil de clientes, nossos corretores são os mesmos, a rede credenciada também é igual”, disse Ricardo Bottas, CEO da SulAmérica. “Vamos poder concentrar nossos planos no fomento de negócios voltados aos múltiplos ramos do mercado brasileiro de seguros gerais em que a companhia atua no Brasil”, complementou Alfredo Lalia Neto, presidente da Sompo Seguros Brasil.

A receita da Sompo Saúde em 2021 ficou em R$ 650 milhões.

O ano de 2021 também trouxe cheques gordos para startups da área de saúde. Entre janeiro e novembro, as healthtechs receberam aportes de R$ 1,7 bilhão, quase o triplo dos R$ 616,7 milhões captados em 2020, segundo dados da plataforma de inovação aberta Distrito. Um dos destaques foram as startups de operadoras de planos de saúde, que demoraram para despontar devido à complexidade de regras e exigências de reservas financeiras.

No ano passado, a Alice recebeu aportes de US$ 160 milhões de investidores como Softbank e Kaszek. A Sami, com 7 mil 6 usuários de planos de saúde, também teve rodadas de investimentos de R$ 200 milhões de fundos como DN Capital, Monashees, Redpoint e Valor Capital. A DNA Capital, maior gestora de fundos na área de saúde que tem como principal acionista a família Bueno, também intensificou seus investimentos.

No ano passado, o fundo fez vários aportes, entre eles, de R$ 1 bilhão no braço de cursos de medicina da Ânima, e R$ 300 milhões na Memed, empresa de prescrição médica digital. Além das aquisições e captações, o ano também foi marcado pelo avanço da megafusão entre Hapvida e NotreDame Intermédica.

No mês passado, a Superintendência Geral do Conselho Administrativo de Defesa Econômico (Cade) recomendou que a transação seja aprovada sem restrições, o que deve ocorrer até fevereiro. A união das duas empresas vai criar uma operadora com 14 milhões de usuários de planos de saúde e dental, o equivalente a participação de 18% nesses dois mercados.

Foi também no último mês do ano que a americana UnitedHealth fechou a negociação para se desfazer de uma carteira com cerca de 370 mil usuários de plano individual da Amil. A UnitedHealth pagará R$ 3 bilhões para uma empresa de reestruturação chamada Fiord Capital assumir essa carteira, que é deficitária, e quatro hospitais. A operação foi aprovada pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), há cerca de 15 dias.

Entre as companhias abertas, outra operação de destaque é o aumento de participação acionária da Rede D’Or na Qualicorp, que já tem cerca de 30% na empresa de planos de saúde por adesão e tem autorização para aumentar ainda mais essa fatia. A empresa vem diversificando sua atuação e passou a vender outros tipos de seguro. Ainda em dezembro, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) absolveu o fundador da Qualicorp, José Seripieri Junior, da acusação de irregularidades no acordo de “non compete” firmado em 2018, quando anunciou sua saída da companhia.

Com informações Valor Econômico 

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