Leroy Merlin planeja investir R$ 1 bilhão e abrir 150 lojas “de bairro”

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Depois de cercar as cidades com lojas gigantes de materiais de construção localizadas nas marginais, nas rodovias e nas vias expressas, a Leroy Merlin quer entrar no miolo dos bairros com pontos de vendas bem menores. Até 2024, a companhia francesa planeja investir quase R$ 1 bilhão em 150 lojas voltadas para compra rápida.

Essas lojas estarão localizadas nas capitais dos Estados onde já funcionam as megalojas da companhia, como São Paulo, Rio de Janeiro, Minas, Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina.

“Ter 150 lojas Express até 2024 é uma meta factível, mas no Brasil cabem muito mais lojas desse tipo”, afirma o diretor de Desenvolvimento, Expansão e Relações Institucionais da empresa, Renato Coltro.

Nesse novo formato, o tamanho do ponto varia entre 600 e 1 mil metros quadrados, onde são vendidos cerca de 6 mil itens. É muito menor do que uma megaloja no modelo homecenter, que tem entre 7 mil e 18 mil metros quadrados de área de vendas, com oferta de até 70 mil produtos.

O formato de loja de bairro foi adotado pela principal concorrente, a Telhanorte Já, em agosto de 2019. Hoje a empresa tem oito pontos com a bandeira Telhanorte Já na cidade de São Paulo. Em 2021, esse tipo de loja chegou ao Rio Grande do Sul, com a bandeira Tumelero Já, outra marca do grupo.

Na Leroy, o novo modelo começou a ser testado no fim de 2020 na capital paulista, com a abertura da unidade no bairro do Campo Belo, zona sul da cidade. Com mais de um ano de operação, o resultado surpreendeu, conta o executivo.

A segunda loja acaba de ser inaugurada em Perdizes, na zona oeste. A meta é abrir três ou quatro lojas deste tipo até dezembro em São Paulo em bairros centrais e com grande concentração de pessoas. “Dando certo o teste, o céu é o limite”, prevê Coltro.

O foco da loja Express é captar o cliente que precisa fazer uma compra rápida para o reparo e não tem tempo para ir até os homecenters nem quer esperar a entrega do online.

Prateleira infinita

Com esse formato, a empresa pretende integrar a venda online com a da loja física, explorando o conceito de prateleira infinita. Isto é, produtos que não estão disponíveis para venda imediata são pedidos para o homecenter pelo vendedor para serem entregues.

“Vamos usar a estrutura da loja grande para aumentar nossa capilaridade no centro das cidades”, diz.

Eduardo Terra, presidente da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo, observa que a Leroy cresceu muito nos últimos anos com seu modelo principal. Atualmente são 44 megalojas em operação que garantiram o grosso do faturamento do grupo de R$ 8,2 bilhões em 2021.

“Mas esse formato se esgotou ou vai se esgotar, e a companhia precisa continuar crescendo”, diz Terra. O esgotamento, segundo ele, resulta da dificuldade de encontrar áreas tão grandes para abrir megalojas e do arrefecimento da demanda.

“Esse projeto da Express não muda o plano para os homecenters”, rebate Coltro. A empresa acaba de abrir a segunda megaloja em Porto Alegre (RS), vai inaugurar uma em Guarulhos (SP) e tem outros projetos de expansão nesse formato.

‘Homecenters’ seguem os hipermercados

As grandes empresas do varejo de materiais de construção, que só tinham homecenters e agora operam com novos formatos de lojas, passam por processo parecido com o visto no varejo de alimentos há alguns anos, segundo Eduardo Terra, presidente da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC).

Para o consultor, a lógica do varejo é buscar manter o ritmo de crescimento de seus negócios com formatos de lojas que não estejam esgotados. Um movimento parecido também ocorre no setor de produtos para animais de estimação, diz.

A exemplo do que ocorreu entre os supermercados no passado, o diretor da Leroy Merlin, Renato Coltro, conta que a empresa também avalia outro novo formato de ponto de venda, de tamanho médio, que é comum no grupo na França, na Espanha e na Itália. O plano da companhia é adotá-lo no Brasil. Seriam lojas com dimensões intermediárias entre o modelo Express e o de megaloja.

Depósito de bairro

Uma das características do varejo de materiais de construção no País é o grande número de pequenas lojas. A chegada de pontos de venda menores com bandeiras de grandes redes pode intimidar os depósitos de bairros.

Coltro diz que o concorrente da loja Express não é o depósito de bairro. Alega que a sua loja é mais voltada para compra de conveniência, enquanto o depósito é focado em materiais básicos. O presidente da SBVC discorda em parte. “Esse formato vai tirar o mercado de alguém.”

Com informações do jornal O Estado de S. Paulo.

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