Marca brasiliense de alimentos veganos registra aumento na produção durante a pandemia

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A propriedade recebeu o selo de certificação orgânica e teve o seu nome fantasia alterado, passando a se chamar Fazenda Burin. (Foto: Divulgação)

Enquanto muitas empresas perderam valor e até mesmo encerraram suas atividades devido às dificuldades impostas pela pandemia do novo coronavírus, houve quem aproveitou tal oportunidade para implementar novos processos e fazer sua ideia de negócio crescer ainda mais. A empreendedora Carla Burin, 44 anos, que produz alimentos veganos em uma propriedade de 16 hectares localizada na região da Rota do Cavalo, é um exemplo dessa realidade. Em 2020 ela superou a pandemia, e também a perda e seu pai, João Burin, e conseguiu abrir novas rotas de mercado, aumentando consideravelmente a produção e o lucro de sua empresa.

A história de Carla no empreendedorismo, no entanto, começou bem antes do início da pandemia, mais precisamente em 2013. Antes disso, ela se dedicou exclusivamente, por cerca de 15 anos, a um cargo comissionado no Governo do Distrito Federal. Incomodada com a rotina, com a mesmice e o tédio, a então moradora de Sobradinho decidiu promover uma mudança radical em sua vida e se arriscar no ambiente empresarial. A ideia era aproveitar a formação em administração de empresas, graduação que concluiu na extinta União Educacional de Brasília (Uneb), para abrir um empreendimento na área de panificação e, ao mesmo tempo, auxiliar seus pais no plantio de hortaliças, frutas, legumes.

Logo que deixou o cargo que ocupava no Executivo local, Carla foi à procura de apoio na Emater/DF. Posteriormente, foi a São Paulo, onde participou de cursos com especialistas em panificação e se identificou com a produção de alimentos sem adição de glúten e lactose. De volta à Capital Federal, ela começou a produzir pães sem o uso de ingredientes de origem animal e a comercializá-los juntamente com as hortaliças, frutas, legumes cultivados por seu pai.

A produção, com o nome de Burin Alimentos Artesanais, chegou ao conhecimento de técnicos do Sebrae no DF durante a realização de uma feira orgânica, em 2016, e promoveu a aproximação entre a empreendedora e a instituição. A partir daquele momento Carla participou de cursos e outras soluções oferecidas pelo Sebrae e assim conseguiu começou a gerir a empresa. Com o apoio, ela também foi orientada sobre nichos de mercado e passou a se dedicar à produção de alimentos veganos congelados, como carne de jaca, coxinha de jaca, pão de beijo (versão vegana do tradicional pão de queijo) e quibe vegetal, iguaria produzida com batata doce e trigo. “A chegada do Sebrae foi importante para o impulsionamento do meu negócio. Praticamente todas as melhorias que consegui fazer até hoje têm o dedo de alguém do Sebrae”, conta a empreendedora.

O resultado do apoio da instituição pôde ser notado em poucos meses e Carla começou a colher resultados significativos na gestão de seu negócio. A propriedade recebeu o selo de certificação orgânica e teve o seu nome fantasia alterado, passando a se chamar Fazenda Burin. Também foram criados perfis em redes sociais, contribuindo para aumentar a clientela e a área de atuação da marca, que passou a enviar produtos para as cidades de Goiânia e São Paulo. “A cada 15 dias enviamos produtos para que sejam revendidos em São Paulo. É lá que está o nosso o maior mercado no momento”, revela Carla. A marca também se submeteu à consultorias com o propósito de ampliar a estrutura de produção já existente na propriedade e também para criar um website.

A gestão do empreendimento caminhava bem, até que no início de 2020 Carla começou a passar por uma prova de fogo. Logo no primeiro mês do ano ela foi surpreendida com o diagnóstico de câncer em sua família. O pai da empreendedora travou uma rápida luta contra a doença, que consumiu os pensamentos e os esforços da família até o mês de abril, quando ele veio a falecer. “Eu não sei explicar como consegui forças para trabalhar durante esse período. Minhas atenções estavam voltadas para a saúde do meu pai, mas consegui, com muito esforço e apoio, manter as atividades da empresa”, relembra.

Não houve muito tempo para Carla vivenciar o sentimento de luto. O cenário de incerteza imposto pela pandemia levou a empreendedora a crer que enfrentaria momentos de dificuldade, o que acabou não se concretizando. Devido a um contato mantido pela marca com um representante em São Paulo, Carla conseguiu abrir novas praças de mercado, nas cidades de Catalão (GO), Caxias do Sul (RS) e Teresina (PI). Com isso, a empreendedora viu sua produção alcançar níveis nunca antes registrados. “A nossa produção mais do que dobrou. Nossos produtos vão embalados em caixinhas de 500 gramas. Vendíamos cerca de 1 mil dessas caixas por mês e, depois de março, essa demanda saltou para mais de 2 mil, fazendo com que ultrapassássemos a marca de 100 mil unidades de salgados em um ano”, conta a empreendedora. A Burin também registrou um recorde na produção de carne da jaca: foram mais de cinco toneladas em um só ano.

Em meio à alta demanda, Carla também conseguiu tempo para aprimorar os processos em seu empreendimento e inovar. Com apoio do Sebrae, ela fez uma nova consultoria em produção de alimentos orgânicos, o que otimizou a produção de batata doce, mandioca e jaca, itens mais utilizados pela Burin em sua produção. Já na época do Natal, Carla aproveitou para lançar um novo produto, o lombo de jaca, opção vegana para substituir o lombo suíno.

Atualmente, tudo o que é plantado no solo da Fazenda Burin é utilizado por Carla na fabricação de seus produtos. A estrutura, inclusive, tem um projeto de ampliação que deve ser iniciado nos próximos meses, segundo a empreendedora. “A ideia é ampliar a nossa agroindústria para produzir mais e alcançar mais pontos de vendas nas redes de supermercados do DF. E para isso, as negociações já estão sendo feitas”, completa Carla Burin.

Fonte: ASN

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