Para quem acha que empreender em meio a uma pandemia é fácil, está muito enganado. Aline Oliveira, 35 anos, é o exemplo de uma mulher que abriu mão de trabalhar para outras pessoas e decidiu mergulhar no mundo dos negócios nesse período instável em que vivemos.
A microempreendedora abriu uma empresa de venda de bolos e doces artesanais em março de 2020 e está feliz com os resultados obtidos nos últimos meses, mas conta que o início não foi simples, principalmente com as dúvidas relacionadas ao coronavírus.
“As primeiras vendas foram surgindo aos poucos, com muita insistência e persistência. As precauções foram redobradas, todo cuidado desde a saída para compras de insumos até a entrega pro cliente entre eles tínhamos a desinfecção das embalagens, o uso de máscara, luvas, toucas e embalagens para troco, a limpeza e desinfecção das máquinas de cartão e do ambiente de trabalho algumas vezes ao dia”, contou Aline.
Para Aline, as dificuldades não foram apenas em relação a pandemia, ela ainda tem um filho pequeno, Teodoro, de apenas um ano e seis meses. Como é ainda um bebê e demanda uma grande parcela do tempo e cuidado, a microempresária afirma que tem uma rotina bem estabelecida e conta com a ajuda da família para manter o negócio funcionando.
“Não é fácil, principalmente por ter filhos pequenos e totalmente dependentes, mas com muita organização e ajuda, dá certo. Dividimos os afazeres de acordo com a rotina escolar. Nos organizamos e nos ajudamos em tudo. Minha filha Bruna, por ser mais velha (19 anos), me ajuda com todos os afazeres da casa e da empresa. Guilherme, de 11 anos, ajuda com o pequeno e eu, no geral, cuido de tudo e todos”, revela com bom humor.
A estudante de nutrição Natália Rocha, de apenas 22 anos, vive um cenário parecido. Ela também tem um filho pequeno, Filipe, de apenas um ano, e viu a oportunidade de abrir um negócio, já que as aulas da faculdade pararam de forma presencial. Ela aproveitou os conhecimentos adquiridos nas aulas, para montar uma empresa de alimentação saudável, a Flow Health & Foods. Para que tudo funcione ela conta com a ajuda também de seus familiares, tanto na cozinha, quanto para cuidar do neném.
“Quando eu vou produzir e organizar, o Rodolfo, meu marido, fica com o Filipe. Quando é necessário um empenho maior na cozinha, a minha mãe ou a minha sogra tomam conta dele. Então a gente consegue ir levando dessa maneira, principalmente nessa fase inicial que ele tem apenas um ano e precisa de mais atenção”, contou.
Além das atividades em casa, local onde montou o negócio, ela, assim como Aline, teve que superar algumas barreiras devido a pandemia do coronavírus. “Uma dificuldade que vimos foi em relação aos preços, não é normal você encontrar um arroz a R$ 40. Alguns preços e taxas foram o que dificultou mais para o microempreendedor”, desabafou.
As previsões da estudante são bem otimistas para o crescimento da empresa. Mesmo com as restrições impostas pelos chefes dos poderes executivos, ela quer expandir o negócio e levar o estilo de vida de comer de forma saudável para além de sua residência.
“A gente pretende montar a nossa cozinha, tornando o nosso ambiente mais profissional ainda. Eu pretendo me especializar na área de gastronomia, meu marido em marketing, para quem sabe ao final dessa pandemia a gente possa ter o nosso estabelecimento que receba nossos cliente de uma forma aconchegante levando o nosso jeito flow de ser”, revelou.
Ter mais mulheres exercendo funções importantes na sociedade e se tornando modelos para outras seguirem os mesmos passos, evidencia a força que elas têm e mostra a recompensa da luta que elas travam até os dias de hoje. “As mulheres vêm se destacando cada vez mais. Passamos daquela fase em que as mulheres eram submissas e dependentes. A necessidade de ter seu espaço e independência, a falta de oportunidade, a necessidade de ajudar em casa e muitas vezes sendo a “cabeça” da casa, fizeram com que as mulheres crescessem. Isso é realmente libertador!”, desabafou Aline Oliveira.
Fonte: Jornal de Brasília/Agência UniCEUB