O Museu de Arte de Brasília é palco da mostra “Sérgio Rodrigues e o Mobiliário Moderno da Universidade de Brasília”. Os amantes da arquitetura de mobiliário moderno podem conferir até 31 de março a exposição que conta com um dos acervos de um profissional que ganhou notoriedade mundial ao acreditar que os móveis deveriam refletir a cultura de sua origem, além de proporcionar o conforto adequado ao clima e ao jeito mais descontraído de viver. Contemplado pelo Fundo de Apoio à Cultura, a exposição conta com o apoio da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Distrito Federal (Secec) e Instituto Sergio Rodrigues.
Com o auge de sua carreira nos anos 50 e 60, Sérgio trabalhou com design de móveis de acordo com o modernismo no Brasil, trazendo a identidade brasileira para seus projetos tanto nos desenhos, quanto nos materiais tradicionais, como couro, palhinha e madeira – exaltando a cultura brasileira e indígena. Contemporâneo de Oscar Niemeyer e Lúcio Costa, seu mobiliário foi utilizado em larga escala na construção da capital brasileira Brasília. Ao todo, a mostra conta com quatro poltronas da UNB, assim como a linha do tempo e a especificação de cada peça, conforme a época da criação.
“Naquela época (início de Brasília) não se tinha tempo de pensar em desenhar móvel nenhum. Nós usamos móveis correntes no mercado, selecionando como o Palácio exigia. O principal designer a quem solicitei móveis foi Sérgio Rodrigues”, afirmou o arquiteto e urbanista Lúcio Costa.
Para idealizar o mobiliário modernista da Universidade de Brasília Sérgio Rodrigues usou como referência o sistema de casas pré-fabricadas, das quais possuía atuação. Em 1961, Darcy Ribeiro, depois de visitar uma exposição no MAM-RJ em que Rodrigues expunha, o convidou para construir os pavilhões OCA I e OCA II. Esses edifícios eram os alojamentos provisórios para professores e funcionários da UnB, sendo também edificações pioneiras no campus. Sua experiência na UnB continuou com a incumbência, dada por Darcy Ribeiro, para mobiliar o auditório da universidade.
Nesse sentido, a mostra exposta do MAB induz ao visitante uma reflexão sobre o mobiliário projetado para os edifícios da UNB, visando à sua preservação, e dando o devido valor como participante do conjunto que forma o ambiente da universidade.
Para o idealizador da exposição, o arquiteto e urbanista José Airton Costa Junior, sua pesquisa, catalogação, exposição e criação de um livro foram os resultados do desafio a que se propôs como forma de homenagear o grande mestre da Arquitetura e do Design brasileiros, Sergio Rodrigues.
“Sergio fazia de tudo. Sua obra é conhecida, principalmente, por sua arquitetura de casas pré-fabricadas em madeira, pelo design de mobiliário, por sua dedicação aos ambientes internos e por suas criativas ilustrações”.
José Airton conta ainda que foi exatamente uma de suas histórias que inspirou a criação desse projeto de livro, da catalogação e da exposição. “Há 60 anos, Sérgio virava uma noite montando as poltronas do auditório onde seria a cerimônia de inauguração da UnB. Na manhã que se seguiu a essa noite, em 21 de abril de 1962, a UnB foi oficialmente inaugurada e as poltronas projetadas por Sérgio estavam quase todas montadas – somente uma não ficou pronta a tempo, mas ele tratou de ficar em pé escondendo o lugar vazio”, relembra.
Para a produtora executiva da mostra, Erika Albuquerque, trabalhar com assuntos que envolvam o legado de Sergio Rodrigues é mergulhar no que há de mais sofisticado e genuíno do design brasileiro.
“Coletar suas obras e reavivar parte de sua trajetória para conhecimento ou reencontro do público, é manter e perpetuar a memória de nosso patrimônio material e cultural, valorizando nossa história, nossas referências nacionais, e, também, direcionar a atenção dos mantenedores à sua preservação”, arremata Erika.
Serviço:
Exposição “Mobiliário de Sergio Rodrigues para a Universidade de Brasília”
Até 31 de março
Local: Museu de Arte de Brasília
Entrada gratuita
Com informações Dicas da Capital