Como o homem entrou na era da Covid-19 nós já sabemos, mas como sairá, impossível dizer. Muitos vão entrar bem e sair melhores, vão compreender os ensinamentos dessa guerra, as perdas, os dilemas humanos e, principalmente, como somos falhos e temos atitudes egoístas. Muitos, infelizmente, não sobreviverão às batalhas. Já passam de uma centena de milhares de mortos.
Em nenhum outro episódio da sua história o Brasil perdeu tantos brasileiros em tão pouco espaço de tempo. É um momento crítico que exige reflexões individuais de todos, mas fundamentalmente, daqueles que lideram processos, sejam nas empresas, na política ou no seu bairro. Ser líder é ser relevante, exemplo e transformador.
Se não tiver uma cultura de fortalecer estes três laços com seus liderados, passe a vez. Não seja gerente ou diretor apenas por você; não seja vereador, prefeito ou governador para saciar vaidades e objetivos pessoais; não seja nem mesmo síndico ou mesmo líder da turma da escola sem pensar no seu papel de atuar coletivamente. A vida cobra caro de quem age pelo ‘eu’, e remunera com valor muito elevado de reconhecimento quem despersonaliza sua luta, quem vai para guerra para defender seu país, sua cidade, seu bairro.
É o momento do novo homem, que como disse no início do texto, pode fazer (durante essa pandemia) a revisão correta de seus conceitos e, na dor, se adaptar. Particularmente na política, pois vamos ter novo processo eleitoral, vamos inaugurar um momento que a sociedade vai reagir. Não será uma reação em cadeia, mas em onda. Vamos superar as fakes news, filtrar melhor nosso conteúdo e punir comportamentos inadequados e fraudulentos com a informação. É preciso um salto neste sentido.
Mas vamos reagir por ondas por que nos unimos em coletivos, que, na nossa nova forma de comunicar, replicar e dialoga em grupos sociais e de mensagens, como entidades profissionais e empresariais, organizações sociais, igrejas e, de fato, todos, interligados em grupos de mensagens.
Isso, bem ou mal utilizado, é transformador. A pandemia nos isolou por muito tempo, ampliou para alguns e acelerou para outros a digitalização das conversas, compras e empregos. Aprendemos a conversar, comprar e trabalhar no desktop e até pelo celular. Nossa vida é mobile, mais coletiva, mais informada. Pessoas da geração antecessora à minha, por exemplo, entraram leigas em tecnologia, e hoje dão aula em interação e integração.
Precisamos vencer a Covid-19, a guerra não acabou, mas precisamos vencer o passado e, principalmente, reescrever nossa história no que se refere a escolher nossos líderes (no bairro, na empresa e na política). Sermos mais seletivos e exigentes é o ponto. Não adianta ter tecnologia para nos dominar, pois se a sociedade se omitir, a tecnologia de informação se torna de dominação. Se não nos especializarmos, vamos é cair na armadilha de achar que somos dominantes, mas, de fato, seremos dominados. Que as pessoas do bem sejam todas guardiãs da liberdade, da democracia e da impessoalidade dos nossos líderes e dos espaços coletivos. Não lutamos, perdemos e ganhamos tanto, para entregar o mundo pior do que antes. Uma eleição mais reflexiva e honesta é o caminho dessa mudança.