A pandemia de Covid-19 trouxe muitos obstáculos para estudantes de todas as idades e suas famílias e também para os professores que, da noite para o dia, precisaram se reinventar. Os profissionais chegaram a um ambiente desconhecido e adaptaram o que dava certo no presencial para o remoto, além de criar novos processos de ensino.
Durante esse cenário, 50 educadores de todo o Brasil se destacaram com seus cases de sucesso, e se tornaram finalistas do Prêmio Educador Nota 10, que reconhece e valoriza professores e gestores do país. Entre eles está Janete Cardone, professora alfabetizadora do Colégio Sigma, a única representante do Centro-Oeste. A pedagoga estruturou um projeto voltado para os alunos do 1º ano do Ensino Fundamental – Anos Iniciais.
Durante os anos de 2020 e 2021, em meio às aulas remotas e híbridas, Janete criou um projeto de produção de legendas de fotos. No primeiro momento foi pedido que as crianças, junto com as suas famílias, selecionassem e trouxessem imagens que representassem alguma aprendizagem que tiveram durante o período de isolamento social, como arrumar a cama, lavar a louça, arrumar os brinquedos, tocar um instrumento e outros.
“Foi então que começou o processo de escrita. Nas aulas remotas eu atuava como escriba, eles ditavam o que representava cada foto e no presencial eles que escreviam suas próprias legendas, da forma que achavam mais adequado”, conta.
Com todas as legendas em mãos, a professora selecionou algumas e levou para os alunos realizarem a revisão de forma coletiva. “Foi um momento muito rico. As crianças viram o trabalho dos colegas e deram contribuições positivas. Sempre prezando pelo respeito”, afirma. “Como ainda estavam na alfabetização, eles não usavam os termos técnicos, como verbo e substantivo, do que queriam modificar na frase, mas indicavam e davam sugestões de alterações para o texto ficar ainda melhor, como repetição de palavras, por exemplo”, conta. O final do projeto contou com um mural online e um físico, com as fotos e as legendas originais e revisadas.
Janete afirma que o produto final, os murais, não eram a parte mais importante do projeto.
“O andamento do processo foi o momento mais significativo. A revisão é importante e não é vista como uma possibilidade para as crianças no 1º ano, afinal aos olhos dos outros eles ainda não leem e não escrevem convencionalmente”, comenta. “Mas a construção vai também para o trabalho com a oralidade, de expor o que eles pensam. Foi uma oportunidade de potencializar as trocas e intervenções, entre amigos, professor e eles perceberam que são capazes”.
Com 20 anos de experiência em sala de aula na Educação Básica, a pedagoga não esperava figurar na lista dos finalistas do Prêmio Educador Nota 10. “Sempre tive interesse pelos estudos sobre leitura e escrita, produção textual e revisão, e em 2019 iniciei a minha pós-graduação em Alfabetização, a qual terminei recentemente, então é gratificante ver que todo o trabalho realizado com as crianças, além de ter sido positivo para elas, também está recebendo esse reconhecimento de forma nacional”, afirma Janete. “Foi uma emoção muito grande ver o meu nome na lista”, lembra.
Para 2022, a professora espera continuar com o projeto com a nova turma do 1º ano que está chegando.
“Ainda estou avaliando se seguirei da mesma forma ou se irei trabalhar alguns aspectos relacionados ao livro “O Pequeno Príncipe” de Antoine de Saint-Exupéry, 1943, e caminhar um pouco mais para o socioemocional, afinal são crianças que, por conta da pandemia, não tiveram tanto contato com outros colegas”, finaliza.
Prêmio Educador Nota 10 – Criado em 1998 pela Fundação Victor Civita, o prêmio tem como objetivo reconhecer e valorizar o trabalho realizado por professores e gestores escolares da Educação Infantil ao Ensino Médio de escolas públicas e privadas de todo o país. Desde 2018, o Prêmio Educador Nota 10 é associado ao Global Teacher Prize, realizado pela Varkey Foundation, prêmio global de Educação.–