Recuperação do varejo surpreende e reduz pessimismo no mercado

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O crescimento de 13,9% do varejo, observado em maio deste ano, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), veio acima de todas as expectativas do mercado. Por isso, reforçou o entendimento de que o fundo do poço da crise do novo coronavírus foi em abril e ainda também reduziu o pessimismo em relação ao desempenho do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil no segundo trimestre deste ano.

“A expectativa era de uma alta de 6%, mas veio quase 14%”, explicou o economista da Confederação Nacional do Comércio (CNC), Fábio Bentes. E essa melhora foi ainda maior no comércio varejista ampliado, que considera as vendas de veículos e materiais de construção: 19,6%, ante uma expectativa de aproximadamente 7% do mercado.

Por isso, os economistas dizem que, apesar ter se dado sobre uma base extremamente comprimida e ainda não ser suficiente para reverter todas as perdas causadas pela pandemia de covid-19, esse crescimento traz um alívio para as projeções de queda da atividade econômica brasileira. Afinal, o comércio representa um dos principais componentes do PIB do Brasil.

A CNC, por exemplo, já revisou a sua projeção para o desempenho do varejo brasileiro em 2020. A entidade esperava que o varejo restrito sofresse um baque de 8,7% neste ano e o varejo ampliado, uma queda de 10,1%. Mas, diante dessa surpresa de maio, revisou essas projeções para -6,3% e -9,2%, respectivamente.

E agora há uma expectativa de que parte do mercado revise suas perspectivas para o PIB do segundo trimestre deste ano, que estavam indicando quedas superiores a 10% da atividade econômica. “O resultado acima das expectativas impõe um viés positivo para a nossa projeção de PIB para 2020 (-6%)”, admitiu a economista da XP Investimentos, Lisandra Barbero.

Os especialistas lembram, por sua vez, que ainda é preciso ter cautela com esse otimismo. Afinal, esse crescimento se deu sobre uma base muito deprimida, já que em abril o varejo ficou praticamente todo o mês fechado.

Além disso, é preciso olhar para os outros setores econômicos. A indústria, por exemplo, também avançou em maio, mas não tão acima das expectativas do mercado – a alta foi de 7%, segundo o IBGE. Já os serviços ainda terão seus resultados divulgados. E esses dados podem não vir tão positivos, já que ainda estão em boa parte sujeitos às medidas de distanciamento social.

“Dados preliminares de varejo indicam alguma recuperação, exceto para serviços”, reconheceu o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Ele tem dito que a recuperação da economia brasileira começou de forma acelerada em maio e junho. Mas frisou que os serviços devem precisar de mais tempo para se recuperar em apresentação utilizada em videoconferência com Embaixadores da União Europeia hoje (8).

Com informações do Correio Braziliense

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