A falta de profissionais digitais qualificados para o desenvolvimento de tecnologias e a lacuna de vulnerabilidade social, econômica e de gênero são dois grandes desafios enfrentados no Brasil, de acordo com o relatório da BrazilLAB.
De frente a esse cenário de desigualdade, a {reprograma}, startup social paulista que ensina programação para mulheres transgênero e/ou negras, acaba de lançar o programa “Todas em Tech”, gratuito e com duração de 18 semanas, que vai contar com a participação de aproximadamente 2,4 mil mulheres em oficinas online.
A primeira edição do projeto conta com a parceria do BID Lab, laboratório de inovação do Grupo Banco Interamericano de Desenvolvimento, e grandes empresas da área de tecnologia como, Creditas, Accenture, iFood e Facebook, que ajudaram no aporte financeiro da iniciativa, que equivale a R$ 4 milhões de reais.
“Serão oferecidos cursos, online e gratuitos, de formação completa em front-end com foco no react, basicamente uma biblioteca do JavaScript de código aberto, e o back-end que tem como ponto central o node.js, aplicação que possibilita o processamento, renderização e execução de elementos escritos em linguagem”, explica a CEO da {reprograma}, Mariel Reyes Milk.
Etapas do programa
Para as interessadas, a primeira fase do processo seletivo, destinada a mulheres de qualquer região do Brasil, com preferência para negras e/ou transgênero, será encerrada no dia 5 de fevereiro de 2021. As inscrições podem ser realizadas pelo site (acesse aqui).
Após a aprovação das alunas na primeira etapa, vão acontecer as oficinas de seleção online, com duração de um dia inteiro, no final de fevereiro, que tem como objetivo apresentar o universo de programação e desenvolvimento para mais de 2 mil mulheres em dois anos.
Elas terão uma introdução a HTML e CSS e, como resultado do aprendizado, produzirão uma página pessoal para enviarem a recrutadores ou clientes, para estimular a entrada no mercado de tecnologia.
A segunda parte do processo envolve o preenchimento de 400 vagas, sendo que o percentual mínimo será de 55% para mulheres negras e 5% para mulheres trans, para participar dos bootcamps, os cursos online de back-end e front-end, que serão iniciados em março e têm duração de 18 semanas.
Cursos: back e front-end
No primeiro semestre de 2021 serão formadas duas turmas e ao longo dos dois anos de duração do programa vão ser estabelecidos 10 grupos, que terão a formação completa de programação.
As aulas do curso de front-end acontecerão durante um sábado inteiro e a revisão do conteúdo vai ser às quartas-feiras à noite. Já as aulas do curso de back-end vão ser realizadas ao longo de um domingo inteiro, e a revisão será às quintas-feiras no período da noite. Além disso, as alunas terão que realizar um exercício semanal obrigatório e atividades complementares, plantões para solucionar possíveis dúvidas estarão disponíveis para ajudar no desenvolvimento. No total serão quatro módulos, com projetos ao final de cada um, que serão ministrados pela ferramenta Zoom com as aulas ao vivo.
Abaixo, confira os tópicos que serão apresentados para as alunas:
- Lógica de programação: sequência lógica para construir um programa, os tipos de dados utilizados, repetições, decisões e variáveis;
- HTML e CSS: o primeiro item é utilizado para estruturar as regiões e conteúdos de um site, já o segundo se trata da parte de estética, como cores e fontes;
- JavaScript: códigos escritos que realizam várias atividades, entre elas atualizar parte de uma página para acelerar a navegação, validar dados de um formulário até permitir usar jogos dentro do navegador;
- Bibliotecas e Frameworks: agrupam códigos e ajudam a fazer seu trabalho mais rápido, também conhecido como react;
- UX Design: com o nome de experiência do usuário, é uma área do conhecimento que envolve os fatores e princípios que influenciam positivamente a nossa percepção sobre um produto ou serviço digital;
- Git & Github: é uma ferramenta de sistema de controle de versões que é utilizada principalmente no desenvolvimento de softwares.
Como material de apoio as alunas têm acesso ao sistema de repositório com exercícios e os conteúdos das aulas, por meio do Github e Google Classroom. Ao final do curso todas irão receber um certificado de conclusão.
Mercado de trabalho na área de T.I
Após a finalização do programa, a {reprograma} visa conectar as alunas formadas à área de tecnologia, para atuarem em grandes empresas do mercado, que também são parceiras do “Todas em tech”. Para isso, elas terão auxílio na montagem do currículo e portfólio.
O contato das alunas com as empresas é realizado por meio de uma feira de contratação, a Speed Hiring, e por sua plataforma de conexão entre programadoras e empregadores, que está em desenvolvimento.
“Cerca de 82% das nossas alunas conseguem atuar na área de tecnologia em até seis meses depois da formação. Temos cases de participantes que não entendiam nada sobre tecnologia e, após a conclusão do curso, hoje estão em grandes empresas como, Itaú, IBM, iFood, entre outras grandes do mercado”, explica Reyes.
Sobre a Reprograma – Fundada em 2016, pela peruana Mariel Reyes Milk e suas sócias Carla de Bona e Fernanda Faria, a startup social paulista que ensina programação para mulheres, priorizando as negras e/ou transgêneros, por meio da educação, tem o objetivo diminuir a lacuna de gêneros na área de T.I. A {reprograma} possui grandes empresas parceiras como Creditas, Accenture, iFood, Facebook, entre outras. Mais informações no site.