Comércio brasiliense volta a registrar abertura de lojas em 2018

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O comércio brasiliense conseguiu finalizar o ano de 2018 com um saldo positivo de 57 novas lojas com vínculos empregatícios, entre aberturas e fechamentos. Os números são de um estudo da Confederação Nacional do Comércio (CNC), divulgado em fevereiro pela Fecomércio-DF. Regionalmente, em 15 das 27 unidades da Federação foram registradas mais aberturas do que fechamentos, destacando-se de forma positiva São Paulo, com mais 3.883 lojas; Santa Catarina mais 1.706; e Minas Gerais com mais 940 lojas abertas. O Distrito Federal ficou em 12º lugar.

O presidente da Fecomércio-DF, Francisco Maia, avalia que apesar do número parecer pequeno, é o primeiro resultado positivo em três anos. “Fatores como o aquecimento do mercado de trabalho, a volta da confiança dos consumidores e dos empresários, além da inflação mais estável, ajudaram na retomada da abertura de lojas no DF”, explica Francisco Maia. “As condições de consumo estão mais favoráveis, o que também aumentam as vendas a prazo, ajudando segmentos fundamentais da economia”, completa.

Para a economista, Adriana Amado, a última crise econômica teve início para o varejo em 2014 quando, de acodo com o IBGE, as vendas encolheram 1,7% em relação a 2013. Nos dois anos seguintes, o comércio apurou perdas reais de faturamento de 8,6% e 8,7%, respectivamente. Desse modo, entre 2014 e 2016, o volume de vendas do varejo acumulou retração de 20% em termos de volumes de venda. Os segmentos com maior crescimento no DF foram supermercados, farmácias e perfumarias, e utilidades domésticas. “Ainda estamos longe de reverter essas perdas, mas o resultado de 2018 dá mais confiança ao empresariado. No DF, houve um incremento 57 pontos de venda. Continuando na linha desta projeção, o ano de 2019 apresentará, portanto, o maior saldo de abertura de lojas desde 2013”, destacou Adriana.

Em expansão 

Na contra-mão da crise, o Colégio Marista Asa Sul (Maristão), que completou 45 anos em 2018, anunciou uma importante reforma em sua estrutura, que antes abrigava apenas o Ensino Médio e passou a acolher o 8º e 9º anos do Ensino Fundamental. Ao todo, o prédio acomodará 400 alunos a mais.

O diretor do colégio, Rony Ahlfeldt, afirma que a medida foi essencial porque contribui, especialmente, para o crescimento acadêmico dos estudantes, além de passarem de forma mais tranquila pelo período de transição do Ensino Fundamental para o Ensino Médio. “Pensando no bem-estar, conforto e na excelência acadêmica, optamos por levar para o prédio do Maristão o Ensino Fundamental”, explica o diretor.

Além de acreditar no bem-estar de seus alunos, a escola acreditou numa melhora da economia brasileira. “Sempre digo que educação não é gasto e sim investimento. Aproveitamos a oportunidade, em tempos que acreditamos na melhora da economia, e investimos no que acreditamos”, disse Ahlfeldt.

Gastronomia em alta 

Quem vai hoje à Casa Doce nem imagina que o sucesso e a popularidade do local começaram quando a confeiteira Angela Tonon, era apenas uma criança. O pai era confeiteiro em Bauru (SP). Dono de padaria, Angela seguia de perto os passos do pai.

Já em Brasília, Angela conta que o começo não foi fácil, mas se recorda de alguns clientes que ela acompanha há anos, ou melhor, desde o berço. “Tenho um cliente de 15 anos, faço todo ano o bolo de aniversário para ele”, resume e ainda lembra do passado. “Tenho colegas da época que entregava as encomendas no porta-malas do carro, porque não tinha dinheiro para uma loja”. Com o tempo, a demanda foi crescendo. “Sentia a necessidade de ter um espaço para fazer os bolos. Ter uma pessoa para me ajudar. Foi então que em 2004 aluguei uma sobreloja, onde realizava os pedidos”, recorda. “Era um espaço pequeno, apenas um balcão. Fiquei lá por sete anos”, destaca.

Nesse período, Fabrício Tonon se formou em Administração. “Apesar do curso que ele escolheu, pediu logo para trabalhar comigo, que era o que ele gostava. Foi então que ele fez Gastronomia e decidimos abrir a loja atual”, conta Angela. A partir daí também nasceu a Fabrizzio Gelato, que funciona desde 2013 como opção para a confeitaria. Vendidos no quilo, os gelatos podem ser consumidos também de forma personalizada, em eventos fechados. Aí é o carrinho da empresa que entra em cena, com o mesmo trabalho que Fabrício buscou implementar no início, após cursar Gastronomia e ir em atrás de formação na Itália. “Quero ser o melhor possível naquilo que faço”, declarou Fabricio.

Em 2012, Angela e Fabrício davam vida ao sonho. Mas este ano, a família está quase finalizando um próximo passo ousado. A Casa Doce mudará de lugar, mas não para longe, ainda na mesma rua. Uma loja muito maior abrigará a ampliação da empreitada dos Tonon. “A nova loja terá mais espaço, são mil metros quadrados. Teremos no novo espaço um andar para o restaurante, o que nos dará condições de abrir para o jantar”, explica Angela. Ela garante que os produtos atuais não sairão das vitrines e que novos serão acrescidos, como as pizzas assadas na hora e os itens de café da manhã. “Nossa responsabilidade é grande, especialmente por sermos uma empresa familiar. Na nova loja a qualidade continuará a mesma”, garante.

Já o Café e um Chêro expandiu a operação e abriu uma segunda loja, na 107 Sul. A inauguração ocorreu em maio de 2018. A primeira unidade do Café e um Chêro fica na 109 Norte. Segundo o proprietário da casa João Gabriel Amaral espaço com 100 metros quadrados de área interna tem capacidade para 60 pessoas, o dobro da primeira unidade. “Imagine uma casinha de interior ou de roça com cheiro constante de bolo fresco. No canto do balcão, um filtro de barro e em sua frente um janelão que valoriza a paisagem”, conta João.  O cardápio permaneceu o mesmo, com pequenas alterações. “O carro-chefe pão com carne de panela, tapiocas, sucos naturais e os bolos com calda foram mantidos no menu. Já o cuscuz ganhou novos recheios”, finaliza João.

Outro café que cresceu e abriu nova unidade foi o Ernesto Cafés Especiais, na 108 Norte. Inaugurada em outubro do ano passado, a casa abre diariamente às 7h e fecha às 22h, com o mesmo menu da primeira cafeteria. A matriz também continua funcionando na 115 Sul, no mesmo horário. O clima é de aconchego para quem gosta de aliar momentos prazerosos com trabalho. A abertura de uma casa no lado norte da cidade foi motivada pelos próprios frequentadores. “Os clientes já vinham pedindo a nossa vinda para a Asa Norte há muito tempo, decidimos então atender a esse pedido, mas porque reconhecemos também o grande potencial que o bairro apresenta”, analisa Victor Paruker, que assumiu a administração do Ernesto em 2017 ao lado de Pedro Meira. “Mesmo com outras opções na região, pretendemos trabalhar para nos tornarmos o melhor endereço para quem gosta de tomar um excelente café, comer guloseimas saborosas e levar para casa um pão artesanal fresquinho”, completa Victor.

Fast food 

Inaugurado em Brasília em 1981, o Giraffas, rede de refeições rápidas que possui mais de 400 restaurantes espalhados pelo Brasil e uma unidade em Miami, não para de crescer. Em 2019, a marca prevê investimentos de mais de R$10 milhões no Distrito Federal com a abertura de novas unidades e reformas das mais antigas. Em fevereiro, Águas Claras ganhou uma nova loja localizada na avenida principal de Arniqueiras. A 77ª loja da cidade, conta com 250 m² de área de atendimento e emprega 21 pessoas, entre atendentes, eventuais e gerentes. “Giraffas nasceu em Brasília, há quase 40 anos, e investe fortemente na região todos os anos. É com muita alegria que iniciamos 2019 com a primeira unidade na “nossa casa”. Estamos otimistas para um ano próspero e de crescimento da rede em todo o país”, ressalta Eduardo Guerra, Diretor de Expansão do Giraffas.

Além da unidade Arniqueiras, ainda neste semestre a rede abrirá outras unidades em Brasília, no Shopping ID, na Ceilândia Mall e o primeiro Giraffas Container da região, em Águas Claras. As unidades mais antigas serão reformadas e modernizadas. “Este processo foi intensificado em 2018 e continua em 2019. Ano passado entregamos restaurantes renovados para os consumidores no Núcleo Bandeirante, 105 Norte, 101 do Sudoeste, entre outros. Estimamos mais de R$ 10 milhões de investimento em 2019 em Brasília.”, finaliza Guerra.

Em todo o Brasil, a marca espera inaugurar 40 lojas até o fim deste ano. Além dos modelos de loja de rua, shopping e quiosque, a rede aposta no seu mais novo formato, o Giraffas Container, que foi lançado ano passado e já possui três unidades: duas em Goiás, nas cidades de Posse e Cristalina, e uma em Ji-Paraná, no estado de Rondônia. O foco principal são cidades do agronegócio, que representou em 2018 mais de 40% das novas lojas da rede. “O sucesso do novo modelo está além do esperado. Trata-se de um formato moderno e que pode ser instalado em diferentes locais e também em diferentes tamanhos, por ser modular. Ele traz mais inovação e conexão com o público jovem, mantendo uma nova relação com o consumidor Giraffas”, explica o diretor.

Cinco novas lojas 

A loja de departamentos Havan abrirá mais cinco lojas no Distrito Federal, com a previsão de criar mil empregos diretos, com um investimento de cerca de R$ 150 milhões. De acordo com o presidente da empresa, Luciano Hang, estão previstas as construções de duas novas unidades em Ceilândia, uma em Taguatinga, Sobradinho e Gama.

Hang afirmou que a empresa investirá R$ 1,5 bilhão em novas lojas em todo o Brasil. “A loja que inauguramos recentemente em Brasília, no SIA, é um sucesso. Ela recebeu R$ 20 milhões de investimento, além de gerar 150 empregos diretos na região. Nas primeiras semanas tivemos dificuldade em manter os estoques, o que mostra que estamos certos ao investir no Distrito Federal e no Brasil”, disse Luciano Hang.

A filial de Brasília oferece um mix com mais de 100 mil itens nacionais e importados em produtos de cama, mesa, banho, eletro, eletrônicos, bazar, presentes, moda feminina, masculina, infantil, fitness e praia, decoração e outros. A Havan fechou o ano de 2018 em 16 estados brasileiros, 1,5 milhão de metros quadrados construídos e 15 mil colaboradores diretos.

Famílias menos endividadas

A taxa de famílias brasileiras que apresentaram algum tipo de dívida em janeiro deste ano caiu 1,2 ponto percentual em relação ao mesmo período do ano passado, fixando-se em 61,1% , de acordo com a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), divulgada em janeiro pela Confederação Nacional do Comércio (CNC).

O total de inadimplentes, os que possuem dívidas ou contas em atraso, também caiu em relação a janeiro de 2018, registrando 22,9% neste mês em comparação aos 25,0% do período anterior. Entre os inadimplentes, o tempo médio de atraso foi de 64,4 dias em janeiro de 2019, abaixo dos 65 dias de janeiro de 2018.

A Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic) orienta os empresários do comércio de bens, serviços e turismo que utilizam o crédito como ferramenta estratégica, uma vez que permite o acompanhamento do perfil de endividamento do consumidor, com informações sobre o nível de comprometimento da renda do consumidor com dívidas, contas e dívidas em atraso, e sua percepção em relação à capacidade de pagamento.

 

Pequenas empresas 

 

O otimismo também está presente entre os donos de pequenas empresas. Quase 80% desses empreendedores acreditam que a economia vai melhorar e mais de 95% confiam que o novo governo fará o país voltar a crescer. Além disso, 77,1% acreditam que na melhora da expectativa do aumento no faturamento. Esses dados fazem parte da Sondagem Conjuntural dos Pequenos Negócios, estudo realizado pelo Sebrae para conhecer as expectativas desses empreendedores em relação à economia brasileira e ao seu próprio empreendimento. Foram ouvidos, entre 26 de novembro e 4 de dezembro de 2018, 2.992 Microempreendedores Individuais (MEI), empresários de Micro e Pequenas Empresas (ME) e de Empresas de Pequeno Porte (EPP).

A Sondagem Conjuntural mostrou ainda que 66,2% dos empresários entrevistados já veem sinais de uma recuperação no cenário econômico e 47,8% já constataram que houve aumento em suas vendas, enquanto 44,4% avaliam que o emprego está aumentando. Os índices de otimismo quanto à economia deste ano apresentaram um crescimento expressivo desde setembro, quando foi realizada a última análise, mostrando que 37,4% dos empresários acreditavam que haveria um crescimento. Na atual pesquisa, esse índice subiu para 79,5%. Os que avaliaram que a situação permanecerá como está são 12,9%, enquanto 4,9% dizem acreditar em uma piora (o índice representa uma queda de mais de 17 pontos percentuais em relação ao mês de setembro).

Ainda de acordo com o estudo, 37,7% dos donos de pequenos negócios não pretendem contratar nem demitir em 2019, mas 32,4% afirmam que vão abrir vagas de empregos, um índice 12 pontos percentuais maior que em setembro. Quanto a possíveis demissões, apenas 2,8% pensam em dispensar funcionários. Em relação à mão-de-obra, 84,1% estão contratando pessoas inexperientes e capacitando-as no dia-a-dia das empresas.

O empresário Pedro Dias do Bomfim se encaixa no perfil do empreendedor otimista. Depois de pesquisar e perceber que os mercados de café e cookie estão em expansão, resolveu investir em uma empresa que introduziu o segmento de “cookieshop” no mercado brasileiro e abriu em Águas Claras, em setembro de 2018, junto com a esposa Luissa Fanny Dias do Bomfim, uma franquia da  DuckBill Cookies & Coffee.

O investimento em uma franquia dessa varia de acordo com o tamanho da loja. “Fica em torno de R$ 200 mil, e o payback, tempo de retorno do investimento, é em torno de 18 a 24 meses, mas isso pode variar também, tanto para mais quanto menos”, explica. O empreendimento emprega atualmente dois funcionários com carteira assinada e alguns freelancers. “Eu e minha esposa também ficamos no empreendimento, então somos dois funcionários também. A contratação freelancer depende da demanda do dia”, afirma.

Mesmo com uma loja aberta há apenas cinco meses, o empresário já chegou a pensar em expandir e abrir mais unidades no Distrito Federal. “Surgiu uma oportunidade e quase abrimos outra loja no Sudoeste. Oferecemos um produto muito bom que cabe em qualquer cidade do Distrito Federal. Só que resolvi esperar um pouco mais para consolidar a primeira loja e deixá-la perfeita para só então poder expandir. Antes uma loja 100% do que duas mais ou menos. Meu objetivo é sair do serviço público, ou seja, expandir mesmo. Não é por hobby, é um objetivo de vida mesmo”, destaca Pedro.

Funcionário público, ele acredita que empreender é um dever moral. “Se a gente não empreender, viraremos escravo do Estado. O empreendedorismo não é uma opção, é a única opção, porque a nossa cultura estatista cresceu tanto que hoje vários especialistas e vários talentos estão se perdendo e se reprimindo para fazer um concurso público por causa do lado financeiro imediato. Eu acredito que é uma falsa ilusão da estabilidade”, destaca. “A nossa ideia central é ver o empreendimento como libertador, para termos a nossa liberdade tanto criativa quanto financeira, e não depender só do Estado. Eu quero romper com essa cultura estatista, de serviço público”, explica ele, que pretende deixar o serviço público quando seu empreendimento estiver estabilizado.

 

Texto originalmente publicado no site da Fecomércio.