Medo afasta clientes das lojas e vendas on-line continuam boa opção

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Gradualmente, o comércio do Distrito Federal tem retornado às atividades. Desde 26 de maio, as lojas de rua reabriram as portas. Um dia depois, foi a vez dos shoppings. Cumprindo a determinação do governador Ibaneis Rocha (MDB), os proprietários devem acatar a algumas normas, como a testagem de funcionários, para detectar o novo coronavírus, e a disponibilização de álcool em gel nos estabelecimentos. Ainda assim, o movimento está longe de ser o mesmo do que era antes do início da pandemia.

Na loja de roupas de Albanita Ordones, 62 anos, em Panaltina, o dinheiro que entra não dá para lucrar. “Foram dois meses fechados. Isso foi horrível, e acumulamos dívidas com aluguel atrasado e funcionário para pagar. O que a gente vende é só para despesa e para colocar as contas em dia”, lamenta. No balcão, álcool para clientes e funcionários e medidor de temperatura. “Não deixo ninguém entrar sem máscara”, avisa.

Uma pesquisa da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (Fecomércio-DF), em parceria com o Sebrae, avalia que as vendas, em maio, tiveram queda de 11,63%, em relação a abril. O estudo ouviu 542 empresários e constatou que, apenas, os setores de ferragens e ferramentas, minimercados, farmácias e padarias tiveram crescimento. O maior impacto foi no segmentos de vestuário, com queda de 37%, joalherias, com baixa de 37,75%.

Recuperar o faturamento de 2020 é impossível, como afirma o economista Newton Marques. “É um impacto muito grande. Basicamente, é o setor terciário que movimenta a capital. As pessoas estão receosas de comprar e perderam renda”, argumenta. A escalada nos casos de coronavírus, também, tem reflexo direto no consumo. “O problema todo não é de matar ou não a economia, mas uma total desorganização do sistema de saúde em meio a uma pandemia. Se morrer uma empresa tradicional é ruim, mas um negócio pode ressurgir no futuro. Vida não. Se morreu, acabou, e isso não está sendo levado a sério”, alerta Newton.

Segurando as pontas

Quem apostou em e-commerce tem visto os negócios melhorarem. No início deste ano, o arquivologista João Benitz, 25 anos, decidiu empreender, fabricando e vendendo objetos feitos de concreto — como luminárias, vasos e acessórios — e abriu a marca Bem Simplão. Os produtos eram expostos na loja colaborativa Endossa, mas, tão logo começou, surgiu a pandemia e ele precisou partir para a internet. “Por um momento fiquei desesperançoso, mas acabou que eu aumentei as vendas”, comemora.

Agora, ele quer estudar mais sobre a metodologia que pretende manter, mesmo depois da pandemia. Com a boa saída, João já pensa no que fazer para atender às demandas de Natal. “O plano é ter um site da minha marca e ampliar as vendas on-line. É algo importante a se desenvolver. Estou me programando para comprar materiais e deixar um estoque preparado.”

Queda

Nos shoppings, a situação não é tão favorável. Segundo levantamento da Associação Brasileira de Shoppings Centers (Abrasce), os empreendimentos do Centro-Oeste tiveram queda acumulada de 67,2%, entre 2 de março e 28 de junho. Em nota oficial, a Abrasce informou que começa a ser observada uma desaceleração na queda. “Na média, as vendas sobem cada semana, no que diz respeito ao resultado acumulado do período, o que mostra que, apesar de não estarmos em um cenário ideal, temos conseguido nos movimentar.”

Presidente do Sindicato do Comércio Varejista do DF (Sindvarejista), Edson de Castro estima que o movimento atual seja 30% do que era antes da pandemia. “Quem compra em shopping são pessoas mais velhas, então acabam ficando em casa. Isso não paga despesas nem custos, e o desconto dado pelos shoppings em aluguel e demais encargos é muito pouco”, avalia.

De acordo com Edson, a volta dos bares e restaurantes deverá melhorar o cenário econômico. “As pessoas vão almoçar, vão ao cinema e acabam comprando alguma coisa, também.” O comércio de rua está um pouco melhor, mas enfrenta dificuldades. “A grande incerteza de tudo isso é quando vai passar. Falam que só no ano que vem, e isso deixa o lojista muito preocupado, porque não aguenta a despesa até o fim do ano”, analisa.

Com informações do Correio Braziliense

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