Fisgo: um negócio familiar com o frescor do mar

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O desafio era preservar o frescor, a textura e o sabor de camarões mesmo cruzando fronteiras. O resultado foi transformar o cultivo em num negócio rentável. (Foto: Bruno Cavalcanti)

O brasiliense apaixonado pela cidade não se exaure em repetir: “JK só esqueceu o mar”. É que amamos tanto o céu azul, o concreto, o lago, o pôr do Sol que poderíamos ousar dizer que o mar nem faria tanta falta assim. Será? Talvez se tivéssemos por perto as iguarias culinárias que as águas do litoral nos ofertam.

E, os bons ventos trouxeram o mais sofisticado sabor do litoral para a capital da República: um camarão cultivado há cerca de dois mil quilômetros daqui, no estado do Ceará. Chama-se Fisgo. A empresa é familiar, dedica-se ao ofício em fazendas próprias. Também industrializa e comercializa o produto. Leandro Chaves Vidal é o fundador e o CEO à frente da empresa.  

Foto: Cortesia/Fisgo

O samba diz: “camarão que dorme, a onda leva”. Mas esse não foi o caso do empreendedor Luiz Vidal Filho, pai de Leandro. Intrigado pelo interesse de um grupo espanhol em comprar uma das fazendas da família para cultivo da espécie, o então bancário, prestes a se aposentar, aproveitou o momento, pesquisou e decidiu ele próprio investir no cultivo de camarões marinhos (carcinicultura). Em 2001, inaugurou a primeira fazenda de cultivo no município cearense de Paracuru.

Foto: Cortesia/Fisgo

Infelizmente, a Covid-19 levou o Sr. Vidal, mas Leandro não hesitou em sequenciar o legado deixado pelo pai. 

“Eu devo tudo a ele, que me ensinou, desde pequeno, a acordar cedo, trabalhar muito e ser extremamente honesto. Inclusive, ele trabalhou incansavelmente até o fim da vida. Toda a produção era por conta dele, enquanto eu cuidava da comercialização. O gosto pelo agronegócio passou para mim e, hoje, é a minha paixão”, conta.

Destemido, Leandro expandiu o projeto, fundando, em 2010, a Fisgo que nasceu com o objetivo de comercializar toda a produção das fazendas do pai. Além do e-commerce em andamento para este ano, trilha também  o caminho para a exportação. A Fisgo tem apostado imensamente na mudança de conceito e comportamento do consumidor quanto ao pescado congelado. O empresário ressalta a expertise desde a despesca do camarão nas fazendas até a chegada na mesa do consumidor.

“Vender online surgiu em plena pandemia. Vamos, dessa maneira, dar mais credibilidade à marca e fazer com que as pessoas comprem sem a insegurança de atravessadores no processamento do alimento. Com base no crescimento da empresa nos últimos três anos, que atingiu a marca de 500%, o projeto é sermos a maior rede de vendas online do país no segmento de camarões, frutos do mar e pescados”, diz.

Ele explica que, aliado ao fato do camarão cearense ser considerado o melhor do Brasil, aproximadamente 80% da produção nacional vem de lá e do Rio Grande do Norte. Além disso, outras regiões do País não se apropriam do cultivo por fatores climáticos impeditivos.

“O Nordeste tem o ambiente favorável para a carcinicultura brasileira e o mercado estava pedindo essa expansão. Hoje,  nossos produtos chegam em praticamente todas as capitais brasileiras, nas maiores redes de supermercados”, salienta.

O CEO admite que o consumo per capita do alimento no País ainda pode melhorar, incluindo os pescados no menu do dia a dia. “O Brasil precisa crescer para alcançar grandes nações da União Europeia, América do Norte e Ásia”, ressalta. Em 2020, as exportações mundiais de pescado atingiram o valor de USD 160 bilhões, enquanto as do Brasil representaram apenas 0,16% (USD 260,2 milhões). No entanto, no mesmo ano, a carcinicultura produziu 120 mil toneladas, em plena pandemia, com pouco ou quase nenhum apoio financeiro. Um aumento de 100% em quatro anos, segundo a Associação Brasileira de Criadores de Camarão (ABCC).

Selos e certificações

Para findar todas as dúvidas sobre congelados, a Fisgo apostou em técnicas que mantêm as características principais do camarão. Assim, mesmo após viajar quilômetros de distância, o produto continua com o frescor, textura e sabor único das águas salgadas cearenses. A partir do congelamento Individual Quick Freezing (IQF), a embalagem não é tomada por gelo. O processo evita os cristais de gelo no interior do alimento. Ainda, o descongelamento é rápido e o glaciamento do produto garante que o peso seja exatamente igual ao indicado na embalagem após o descongelamento. Além disso, os camarões são congelados individualmente, permitindo que o cliente só descongele a quantidade a ser consumida.

Tudo isso sob padrões nacionais e internacionais, inclusive com o selo do Serviço de Inspeção Federal (SIF), vinculado ao Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal (DIPOA). O carimbo é garantido pela Secretaria de Defesa Agropecuária (SDA) do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) após algumas etapas de fiscalização e inspeção do DIPOA. Além do SIF, a empresa está em processo de aquisição do selo Camarão Livre de Antibióticos e do selo de Camarão Sustentável. A garantia dos selos, da qualidade e da inovação ficam por conta, ainda, das equipes de promotores em pontos de vendas e da variedade de camarões que a Fisgo leva aos supermercados.

De acordo com o CEO, o contato direto com o cliente, a exemplo das ações de degustações oferecidas nas lojas, é fundamental para manter a excelência do produto. Tanta sapiência, no entanto, começou cedo. Ainda adolescente, crescendo em meio aos negócios do pai, em 2005 abriu a sua primeira empresa de cultivo de tilápia em outra fazenda. E sua formação em Comércio Exterior será essencial para ganhar continentes.

“Comecei com a cara e a coragem. Lembro da minha primeira venda para uma grande rede de supermercados, Pão de Açúcar Nordeste”, relata o empreendedor.

Com informações GPS | Lifetime

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